São Paulo, quarta-feira, 02 de fevereiro de 2011

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ANÁLISE CONGRESSO

Desafio é romper modelo de troca de favores

Apesar disso, Congresso sinaliza a Dilma Rousseff relacionamento mais amigável do que o oferecido a Lula

FERNANDO RODRIGUES
DE BRASÍLIA

No papel, a presidente Dilma Rousseff tem a maior base de apoio no Congresso entre todos os presidentes eleitos pela via direta pós-ditadura militar (1964-1985).
Na prática, o Congresso que tomou posse ontem manterá o funcionamento de sempre: troca de favores miúdos cotidianos e distribuição de cargos para aliados. Romper esse modelo é o desafio para a presidente nos próximos quatro anos.
O primeiro teste deve ocorrer na votação da medida provisória que eleva o valor do salário mínimo. O Planalto insiste em R$ 545. Um grupo grande de congressistas-sindicalistas -supostamente apoiadores de Dilma- fala em R$ 580.
Ontem, na eleição dos presidentes da Câmara e do Senado, Dilma teve uma "avant-première" de como pode evoluir o comportamento dos descontentes com o Planalto.
No Senado, o caminho tende a ser mais suave. Dos 81 votos possíveis, o candidato do Planalto, José Sarney (PMDB-AP), teve 70 apoios e vai presidir a Casa. Só 11 não quiseram seguir a orientação dilmista sobre quem deveria comandar a Câmara Alta do Congresso.
Já na Câmara dos Deputados houve alguns sinais trocados. A eleição de Marco Maia (PT-RS) para presidente ocorreu em meio a mais defecções do que se imaginava dentro do Planalto. A expectativa inicial era a de que o petista teria uma perda de 100 a 120 votos.
O surgimento de três candidatos de oposição confirmou a ordem de grandeza do número de infiéis, que ficou em 131. Esse foi o número de votos somados dos três candidatos adversários de Maia: Sandro Mabel (PR-GO), Chico Alencar (PSOL-RJ) e Jair Bolsonaro (PP-RJ). Os dois primeiros pertencem a siglas aliadas formalmente ao Planalto e com assentos em vários cargos estatais.
No contabilidade pura e simples, Dilma conta com uma maioria folgada entre os 513 deputados: 373 deputados são de partidos que apoiam o Planalto. No Senado, do total de 81 há 62 a favor do governo.
Embora sempre se possa argumentar que muitos deputados e senadores não seguem as orientações pró-Dilma de suas siglas, a situação da presidente é muito mais confortável do que a de seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva.
Há oito anos, Lula tinha formalmente a seu favor apenas 254 deputados (119 a menos que Dilma) e 31 senadores (a metade que hoje dá apoio ao Planalto).
Apesar das dificuldades naturais do relacionamento fisiológico do dia a dia, o Congresso sinaliza para Dilma um relacionamento mais amigável do que o oferecido a Lula.


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