São Paulo, quarta-feira, 02 de março de 2011

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Corte no "Minha Casa" irá acomodar despesas de Lula

Para atingir meta de construção de casas, governo anterior turbinou programa e deixou gastos de R$ 9,5 bi para Dilma

Só em janeiro, principal vitrine da campanha eleitoral usou R$ 1,1 bi, quase 70% de todo o desembolso de 2010

SHEILA D"AMORIM
DE BRASÍLIA

O corte anunciado no programa Minha Casa, Minha Vida servirá para acomodar no primeiro Orçamento da presidente Dilma Rousseff despesas contratadas no final do governo Lula.
Lançado em 2009, o programa se tornou a principal vitrine de campanha à sucessão presidencial.
Para engrossar as estatísticas de fim de gestão e conseguir atingir 1 milhão de moradias populares contratadas para construção, o governo Lula teve que turbinar a linha do programa que depende 100% de dinheiro público.
É o caso dos imóveis para famílias com renda de até R$ 1.395 (valor equivalente a três salários mínimos da época da criação do programa).
O ex-presidente prometeu construir 400 mil unidades nessa faixa salarial. Fechou o governo com projetos contratados que somam 482,7 mil imóveis, 20% a mais.
Resultado: a conta do programa herdada por Dilma foi de R$ 9,5 bilhões. Somente no primeiro mês de governo, o programa consumiu R$ 1,1 bilhão, quase 70% de todo o desembolso do ano passado.
Segundo a Folha apurou, a estratégia de reforçar as contratações das unidades bancadas com recursos orçamentários foi adotada para compensar as demais linhas do programa -que dependem do interesse dos trabalhadores se endividarem- e não atingiram as metas.
O governo planejava construir 400 mil unidades para famílias com renda de R$ 1.395 a R$ 2.790 (seis salários mínimos), mas conseguiu 93% disso: 373,3 mil.
Na faixa salarial de R$ 2.790 a R$ 4.650 (dez salários mínimos), o desempenho foi pior: 74,5% do planejado (149 mil unidades).
Com a conta para quitar da gestão passada, internamente, a equipe de Dilma já havia empurrado para o segundo semestre deste ano as contratações da nova etapa do programa, o "Minha Casa, 2".
Para isso, contava em seu favor com o fato de o Congresso Nacional ainda não ter aprovado o projeto de lei regulamentando essa segunda versão do "Minha Casa".


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