São Paulo, sábado, 02 de abril de 2011

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Produção industrial tem maior alta dos últimos 11 meses

Economistas dizem que alta de 1,9% em fevereiro é "soluço", e revisam expansão econômica no trimestre

Indicadores industriais recuaram 2,2% entre abril de 2010 e janeiro deste ano; câmbio reduz a competitividade

PEDRO SOARES
DO RIO

A indústria surpreendeu e cresceu com força em fevereiro -1,9% ante janeiro, segundo o IBGE-, mas analistas acham que o resultado é mais um "soluço" que uma alteração significativa na estabilidade da produção, vigente desde agosto de 2010.
Entre abril de 2010 e janeiro deste ano, a produção acumulou queda de 2,2%.
O setor tem peso de quase 27% no Produto Interno Bruto (PIB, ou soma de bens e serviços produzidos no país), mas dá dinamismo à economia por se encadear com outros ramos -como comércio, transporte, armazenagem e outros.
Diante da instabilidade dos indicadores, e uma esperada queda em março, especialistas projetam que o crescimento do PIB no primeiro trimestre será de apenas 0,7%, frente aos últimos três meses de 2010.
Segundo a LCA, responsável pelas projeções, o número está abaixo do potencial de expansão da economia para o período, de 1,1% - ou 4,5% no acumulado do ano.
A MB Associados prevê avanço de 1,2% do PIB no primeiro trimestre e a Tendências estima alta de 1%. Elas também projetam um freio na indústria em março.
Para André Macedo, gerente da pesquisa do IBGE, a recuperação em fevereiro reflete, entre outros fatores, a antecipação da produção de algumas fábricas e a alta das exportações de alimentos.
Como o Carnaval caiu em março, diz, indústrias anteciparam a produção para compensar os dias parados.
O economista afirma, porém, que alguns ramos respondem também à renda e ao emprego em alta e ao crédito ainda em expansão.
Para Sérgio Vale, da MB Associados, é provável que as medidas do Banco Central para conter o crédito e a alta dos juros só tenham algum efeito parcial sobre a indústria no segundo semestre.
O economista diz que a indústria manterá um nível baixo de crescimento e fechará 2011 com alta prevista de 3,5%. "Não pelas medidas do BC, mas pela perda de competitividade crônica da indústria, gerada não apenas pelo câmbio desfavorável."
O Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial) avalia que o crescimento de 1,3% na produção de bens intermediários (matérias-primas e insumos) e de bens de capital (máquinas e equipamentos) traz a perspectiva de uma retomada da indústria "mais duradoura".
O instituto pondera, porém, que a indústria não deverá crescer a taxas "tão fortes" quanto em fevereiro nos próximos meses.


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