São Paulo, quinta-feira, 02 de junho de 2011

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Lula e Dilma avisam que agora cabe a Palocci se defender

Avaliação é que crise já começa a afetar governo e que ministro deve dar explicação pública sobre sua consultoria

Ministro da Casa Civil ainda tem apoio firme da presidente e de Lula, mas desgaste no PT agrava sua situação


VALDO CRUZ
NATUZA NERY

DE BRASÍLIA

O ex-presidente Lula disse ao ministro Antonio Palocci (Casa Civil) que fez a sua parte e que, a partir de agora, cabe a ele se defender para pôr um fim à crise política. A presidente Dilma recomendou o mesmo a seu ministro, dizendo que ele deve dar uma explicação pública sobre seu crescimento patrimonial o mais rapidamente possível.
Os dois recados foram dados dentro de uma avaliação de que a crise já começa a deteriorar a imagem do governo Dilma e que esse processo precisa ter um "limite".
Segundo a Folha apurou, Lula disse a Palocci que agora ele é o único que pode dar explicações sobre o caso e que, politicamente, não pode mais ficar em silêncio.
O ex-presidente comentou reservadamente que não cabe mais a ele e ao Palácio do Planalto fazerem a defesa do ministro, porque isso não teria mais o efeito esperado.
A crise envolvendo Palocci começou depois que a Folha revelou que o seu patrimônio multiplicou 20 vezes nos últimos quatro anos, período em que atuou como consultor.
A pressão para que ele fale publicamente cresce desde a semana passada, quando aumentou a insatisfação da presidente Dilma com o silêncio de seu ministro.
Inicialmente, Palocci cogitava falar apenas após o pronunciamento do procurador-geral da República, Roberto Gurgel, que analisa um pedido de abertura de investigação requerido pela oposição.
Agora, a avaliação do governo é que ele não pode mais esperar e teria de se antecipar para evitar colocar mais pressão sobre o procurador da República.
Segundo a Folha apurou, Palocci ainda conta com o apoio firme de Lula e da presidente Dilma, mas a avaliação do governo é que está havendo um certo esgotamento de seu suporte dentro do PT, o que agrava a sua situação.
Um pronunciamento público poderia estancar o desgaste de haver petistas criticando o silêncio de Palocci.
O governo espera que o chefe da Casa Civil aceite as recomendações e fale hoje publicamente sobre o caso.
Até aqui, além de Lula, os ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e José Eduardo Cardozo (Justiça) foram os que mais defenderam publicamente o ministro. Mas isso não impediu que os petistas dentro do Congresso cobrassem uma explicação oficial de Palocci, primeiro reservadamente e, nos últimos dias, explicitamente.
A preocupação do governo aumentou depois que o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) relatou que Palocci teria dito que havia ganhado R$ 1 milhão assessorando um processo de fusão de empresas no setor privado.
Nesse caso, a operação poderia ter envolvido órgãos públicos de defesa da concorrência, o que pode gerar questionamentos sobre a atuação de Palocci.
Diante da aparente falta de apoio no PT, o presidente do partido, Rui Falcão, convocou uma reunião da Executiva para dar o que é chamado de "ordem unida", tentando evitar que o "fogo amigo" fragilize mais o ministro.


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