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Hermano Alves morre aos 82, em Lisboa
Jornalista e deputado pelo MDB no período da ditadura militar foi vítima de câncer
ESTÊVÃO BERTONI
DE SÃO PAULO
O jornalista Hermano Alves, deputado federal de
1967 a 1968 pelo MDB (Movimento Democrático Brasileiro), morreu ontem, aos 82
anos, em Lisboa, vítima de
um câncer.
Vivia em Portugal desde o
início da década de 90. Era o
principal colunista de política da Folha em 1964, quando
o golpe militar depôs o governo João Goulart. Teve uma
segunda passagem pelo jornal entre 1984 e 1985, após
um período no exílio.
Teve atuação destacada
na oposição ao golpe militar
no Brasil e na cobertura que
fez da Revolução dos Cravos
(1974), que pôs fim ao regime
ditatorial em Portugal.
Filho de portugueses, Alves nasceu em Niterói, no Rio
de Janeiro, e se mudou ainda
pequeno para Ilhéus (BA).
Aos 13 anos, voltou à terra
natal, onde estudou direito,
sem chegar a concluir.
Sua vida profissional começou no jornalismo. Em
1949, ao lado de Carlos Lacerda, foi um dos fundadores da
"Tribuna da Imprensa", no
Rio de Janeiro.
Desde logo admirado por
colegas, Alves trabalhou ainda no "Jornal do Brasil" e no
"Correio da Manhã".
Em 1964, passou a escrever sistematicamente na Folha contra o golpe que depôs
Goulart e instaurou a ditadura militar (1964-1985).
Dois anos depois, candidatou-se a deputado federal.
Eleito em 1967 pelo MDB, integrou o movimento Frente
Ampla, que defendia a "pacificação política do Brasil
através da plena restauração
do regime democrático".
CASSAÇÃO
Em 1968, ano em foi decretado o AI-5 -ironicamente
no dia de seu aniversário-,
Alves teve os direitos políticos cassados.
No dia 30 de dezembro daquele ano, seu nome constou
da primeira lista de cassações pós-AI-5, num pacote
que incluía o deputado Marcio Moreira Alves.
Com a cassação, Hermano
Alves deixou o Brasil. Exilou-se no México, na Argélia, na
França e, depois, na Inglaterra, onde trabalhou para a
BBC de Londres.
Em 1979, foi beneficiado
pela anistia, mas só regressaria ao Brasil em 1984, quando
se estabeleceu em Brasília,
trabalhando em jornais e
prestando assessoria para o
então deputado Antonio
Paes de Andrade (PMDB-CE).
Em 2005, recebeu indenização do governo brasileiro
pela perseguição sofrida durante a ditadura.
Foi casado duas vezes.
Com Maria do Carmo Veloso
Alves, teve quatro filhos. Sua
segunda esposa foi a portuguesa Maria Helena Alves,
professora universitária,
com quem vivia em Lisboa.
Colaborou UIRÁ MACHADO, de São Paulo
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