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FOCO
Ex-patroa de Marina cria comitê para a candidata no Acre e crê na "onda verde"
ELIANE TRINDADE
ENVIADA ESPECIAL A RIO BRANCO
Ex-patroa de Marina Silva,
a dona de casa Terezinha Lopes, 78, transformou a própria residência em comitê de
campanha da candidata do
Partido Verde à Presidência.
"A onda verde também
chegou aqui a Rio Branco.
Marina pode surpreender",
diz ela, diante do cartaz da
ex-seringueira no hall. Ali
funciona um dos 200 comitês
domiciliares, as chamadas
"casas de Marina", no Estado
natal da candidata do PV.
À vontade na pele de cabo
eleitoral de sua ex-empregada doméstica, Terezinha tenta ganhar a vizinhança de
classe média simpática a José
Serra, que lidera no Acre,
com 34%, segundo pesquisa
Ibope feita em setembro.
Em terceiro lugar, com
19% das intenções de voto
entre seus conterrâneos, Marina visitou os antigos patrões quando foi a Rio Branco
para tentar impulsionar sua
candidatura no Estado.
Localizada numa travessa
nas imediações do canal da
Maternidade, obra de saneamento enlameada por escândalos no governo Collor, a residência hoje é bem diferente
da antiga casa de madeira
apoiada em palafitas onde viviam dez pessoas em 1975.
Analfabeta e com a saúde
frágil, Marina aprendeu a cozinhar e a lavar roupa enquanto dava os primeiros
passos na alfabetização. Estudar foi a motivação para
deixar aos 16 anos o seringal
Bagaço, onde ajudava o pai
na extração da borracha.
"Aquela menina tímida e
doente chegou longe e, se depender de mim, vai mais longe ainda. Não é bom duvidar
da capacidade da Marina",
diz a ex-patroa. Seu filho Heimar, 59, recebeu uma missão
espinhosa da candidata:
"Como castigo por lavar
meus jeans sujos de lama
quando trabalhava aqui, Marina me incumbiu de ganhar
cinco votos por dia para ela".
Marina vai precisar de bem
mais para ultrapassar Dilma
Rousseff no Estado governado pelo PT há 12 anos. Ali a
onda verde esbarra na maré
vermelha capitaneada por
Tião Viana, candidato petista
ao governo do Acre, que deve
vencer já no primeiro turno.
Sem estrutura para competir
com bandeiras e cartazes dos
ex-aliados, os "marineiros"
apostam no corpo a corpo.
"Temos a obrigação de fazer a Marina ganhar no
Acre", diz Julio Gomes Pereira, coordenador da campanha no Estado. "Infelizmente, a nossa estrutura é aquém
da qualidade da candidata."
Obstetra responsável pelo
parto da quarta filha de Marina, Júlio comanda uma operação complicada dentro da
Frente Popular, a coligação
que reúne PT, PV, PC do B e
outros 11 partidos no Estado.
"Nossa amizade com o Lula é
de 30 anos, com a Marina, de
uma vida. Mas nossa prioridade absoluta no Acre é Dilma, por razões de gratidão,
história e compromisso. Ela
representa a continuidade."
Viúva de Chico Mendes,
Izalmar, 45, apoia Marina. "É
uma tristeza ver o que está
acontecendo nessa eleição
aqui no Acre", diz ela, que
pretende anular o voto para
governador e senador.
Desfiliou-se do PT há dois
anos, descontente com o destino de Xapuri na era petista.
Filha do ambientalista morto
em 1988, Elenira Mendes, 26,
também trabalha como voluntária na campanha de Marina, desencantada com a sigla que o pai ajudou a criar.
"Não voto na Dilma porque não acredito nesse PT
cheio de corrupção, de dinheiro na cueca e na meia.
Não é esse o partido de Chico
Mendes", disse ela, referindo-se aos escândalos nacionais que envolvem o partido.
"Marina não deixou os sonhos do meu pai morrerem."
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