São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2011

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Disputa pela vaga de presidente abre crise na TV Brasil

Conselho se opõe à recondução de Tereza Cruvinel ao posto e chegou a ameaçar lançar candidato próprio

Ex-assessores da área de comunicação do governo Lula são cotados para cargo ocupado por jornalista


VERA MAGALHÃES
DE SÃO PAULO

A presidente Dilma Rousseff vai indicar nas próximas semanas o novo presidente da EBC (Empresa Brasileira de Comunicação). A jornalista Tereza Cruvinel trabalha para permanecer no cargo, mas parte do Conselho Curador da entidade se opõe a ela.
Criada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2007, a empresa administra a TV Brasil e os demais canais públicos de rádio e televisão.
A situação preocupa o Palácio do Planalto. Dilma sabe que, se não reconduzir Cruvinel ao posto, terá praticamente atestado a ineficiência de sua gestão de quatro anos.
Por outro lado, a permanência da jornalista desagrada parte dos 22 conselheiros, e alguns deles ameaçam propor um voto de desconfiança contra a presidente.
Os mais cotados para substituir Cruvinel, numa solução para evitar a crise, seriam o superintendente de comunicação multimídia da EBC, Nelson Breve, e Ottoni Fernandes Junior, ex-secretário-executivo da Secom (Secretaria de Comunicação de Governo) durante o governo Lula.
Em agosto, o conselho ensaiou lançar um candidato próprio -o professor da UnB (Universidade de Brasília) Murilo Ramos Filho-, mas o movimento foi abortado.
"O conselho decidiu não se manifestar nesse assunto, por entender que ele foge às suas atribuições. A escolha é da presidente, e o conselho pode se manifestar depois, se achar necessário", disse a presidente do órgão, Ima Vieira, do Museu Paraense Emilio Goeldi.
A Folha apurou que coube à pesquisadora paraense acalmar os ânimos na reunião de agosto, em que o conselho se rebelou abertamente contra a recondução de Tereza Cruvinel ao posto.
Conselheiros ouvidos em caráter reservado criticam a atual presidente por agir de maneira considerada autoritária e por centralizar decisões na estatal.

GESTÃO POLÊMICA
Indicada por Lula com aval do ex-ministro Franklin Martins, Tereza Cruvinel deixou o cargo de colunista do jornal "O Globo" para tirar a TV Brasil do papel. Atuou na empresa ao lado da atual ministra, Helena Chagas, que trabalha para contornar a crise.
O mandato da jornalista termina no próximo dia 29.
Os que defendem sua permanência por mais um mandato ressaltam o papel importante que ela teve no convencimento dos congressistas durante a votação da criação da EBC no Congresso.
Sua gestão, no entanto, tem sido marcada por polêmicas. Desde 2008, pelo menos três diretores e um âncora de telejornal se demitiram sob a justificativa ou de ingerência política na TV ou de autoritarismo da presidente.
No ano passado, o candidato tucano à Presidência, José Serra, acusou a emissora de agir politicamente para favorecer Dilma. Uma repórter da TV Brasil perguntou a Serra se ele iria extinguir o Bolsa Família, e atribuiu a informação a fontes anônimas.
O episódio levou o Conselho Curador a exigir a publicação de um manual de redação para os profissionais da EBC, que, entre outras providências, proibiria o uso de declarações em "off" na TV.
O texto não estava pronto até a última reunião com ata disponível no site, em junho.


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