São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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Eleita terá poder de fogo restrito para ampliar estatais

Expectativa de que nova presidente reduza gastos públicos faz aliados falarem em importância da iniciativa privada

BNDES não sustentará sozinho investimentos necessários no país; Petrobras busca mais R$ 56 bi para o pré-sal

SHEILA D'AMORIM
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

Com pouco dinheiro em caixa, a presidente eleita Dilma Rousseff não terá a mesma facilidade que seu antecessor para bancar a expansão de empresas públicas.
BNDES, Banco do Brasil, Caixa Econômica e Petrobras iniciarão o governo com mais presença na economia, mas precisarão de recursos para seguir crescendo.
Além disso, a próxima gestão herdará a área econômica dividida, com um Ministério da Fazenda que tenta centralizar as decisões de política econômica, escanteando o Banco Central.
Aberta a temporada de montagem da nova equipe de governo, as dúvidas no mercado financeiro são muitas: vão desde a dúvida sobre Dilma manter o perfil de aparelhamento das instituições até sua postura fiscal. O primeiro sinal aguardado é se ela assumirá a obrigação de promover redução de gastos.
Principal instrumento do governo para financiar obras grandes, o BNDES recebeu o aporte mais significativo da gestão Lula: mais de R$ 180 bilhões. Mas não terá fôlego para sustentar sozinho os investimentos necessários.
Com recursos oficiais limitados, aliados de Dilma já frisam a necessidade de contar com a iniciativa privada.
O economista João Augusto Salles, da consultoria Lopes Filho, diz que os bancos públicos não devem manter o ritmo de crescimento dos últimos dois anos. A expansão, lembra, foi patrocinada por injeção de recursos do Tesouro Nacional, o que deteriorou as contas públicas.
A Petrobras tem pela frente o desafio de entregar a prometida riqueza do pré-sal. Para isso, a capitalização que movimentou mais de R$ 120 bilhões não será suficiente. A empresa precisará de mais US$ 33 bilhões (R$ 56 bi).
Para o diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), Adriano Pires, com um plano de investimentos de R$ 200 bilhões até 2014, os cargos da Petrobras devem ser muito disputados: "A tendência no governo Dilma é ter uma gestão tão politizada quanto a atual ou até mais".

Bancos
Já o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal também ficaram maiores e contaram com ajuda de recursos públicos sob Lula.
Totalmente controlada pelo governo, a Caixa reduziu a transparência à medida que aumentou sua atuação. O perfil de banco comercial deu lugar ao de braço financeiro do governo para políticas sociais. Hoje, é alvo da cobiça de aliados.
O Banco do Brasil se firmou como a maior instituição financeira do país. Mesmo não sendo controlado integralmente pelo governo, foi loteado, e a disputa por cargos deve crescer.


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