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"A tarefa agora é todo mundo descer do palanque", diz petista
Coordenador político da transição, presidente do PT afirma que foi bom para o país que a oposição não tenha sido arrasada nas urnas
ANA FLOR
ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Novo coordenador político
da transição, o presidente do
PT, José Eduardo Dutra, começa a lidar hoje com o apetite dos aliados que ajudaram
a eleger Dilma Rousseff (PT)
presidente e a ouvir demandas para o futuro governo.
Ele avalia que, no final, foi
positivo para o país o fato de
que "não se confirmou que
haveria uma terra arrasada
para a oposição" -que vai
governar, nos Estados, cerca
de 53% dos brasileiros.
Em entrevista, Dutra pediu
à oposição uma relação mais
"construtiva", que "não reproduza um clima de Fla-Flu
dentro do Congresso".
Folha - É confortável para o
governo que a oposição tenha saído menor da eleição?
José Eduardo Dutra - Do
ponto de vista do número de
parlamentares, diminuiu.
Mas manteve uma influência
grande com seus governadores, particularmente nos dois
maiores Estados, São Paulo e
Minas Gerais. Isso é positivo,
até porque não se confirmou
que haveria uma terra arrasada para a oposição, o que não
é bom para o país.
Será difícil governar com
uma aliança tão ampla?
Nossa expectativa é que tenhamos a capacidade de
construir um governo de coalizão com todas as contradições de governo dessa natureza, mas que tenha a participação efetiva dos diversos
partidos e que tenha o empenho deles de defender o governo no Congresso.
O fato de o PMDB estar formalmente na aliança desde o
início, significa mais peso,
mas também mais responsabilidade por parte do PMDB.
Quais os próximos passos?
Eu converso amanhã à
noite com o PMDB, depois tiro uns dias de descanso. Minha expectativa é que, quando a presidente voltar de sua
viagem com o Lula no fim da
semana que vem, eu já tenha
conversado com todos os
partidos. Além dos 9 partidos, vou conversar com o PP
e com parlamentares do PTB.
Como ficará o tamanho do PT
no governo?
É muito cedo para falar isso, se for considerar o tamanho do PT como número de
ministérios. Tem que ter claro que a presidente é do PT,
então o peso do partido já está expresso na figura dela.
Além de ter a presidente, é
o partido com a maior bancada na Câmara e a segunda
maior no Senado, e portanto
vai colocar seus pleitos.
Como fica a relação com a
oposição?
Toda campanha mais polarizada e conflituosa gera
sequelas, mas eu não acredito que isso vá perdurar.
Até porque a tarefa agora é
todo mundo descer do palanque, foi a orientação da presidenta. Nós respeitamos a
oposição. Se não fosse pedir
demais, a minha expectativa
seria que pudéssemos ter um
cenário de governo e oposição legítimo, mas que não reproduzisse um clima de fla-flu dentro do Congresso.
Trabalhar respeitando o
papel de cada um, a oposição
cumprir seu papel fiscalizador e tentar se credenciar para vir a ser governo em quatro
anos, mas eu acho que é possível ter uma relação diferente, mais construtiva.
A relação do governo será
melhor com o grupo que passa a liderar a oposição?
Não cabe a mim escolher
interlocutores na oposição.
Não há dúvida que existem
pessoas que, até em função
do estilo e da personalidade,
da forma de fazer política, às
vezes você tem um relacionamento mais construtivo.
No Senado, a presença de
uma figura como Aécio Neves -e na medida em que
pessoas que tiveram um embate muito raivoso contra o
governo não vão estar lá-
talvez seja uma forma de termos um caminho menos sectarizado.
Prefere ficar na presidência
do PT ou ser ministro?
Eu deixei a Petrobras Distribuidora para ser presidente do PT. Tinha inclusive um
projeto pessoal de disputar a
eleição para deputado que
não levei adiante em função
da campanha. A partir do
momento que eu sou militante do PT, eu estou à disposição do partido.
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