São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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Tombo da indústria indica desaceleração forte da economia

Queda de 2% em setembro sugere que impacto da crise externa é maior do que o previsto antes pelos analistas

Economistas preveem contração da atividade econômica no terceiro trimestre e revisam projeções para este ano

PEDRO SOARES

DO RIO

Setor mais dinâmico da economia, a indústria pisou com força no freio em setembro, por conta das medidas de restrição ao crédito adotadas pelo governo até meados do ano e dos efeitos da piora da crise internacional.
Diante do resultado -bem mais fraco do que o esperado-, alguns economistas já acreditam que a economia brasileira sofrerá contração no terceiro trimestre.
A produção industrial, que tem um peso de quase um terço na atividade econômica, recuou 2% em setembro, segundo dados do IBGE.
Parte do resultado é explicada pela queda recorde da fabricação de veículos, reflexo de paralisações de montadoras para compensar estoques muito altos.
Muitas empresas do setor ainda acumulam automóveis em seus pátios. E a expectativa é que o resultado do segmento continue inibindo o crescimento industrial como um todo nos próximos meses.
Mas a retração da indústria no mês não se justifica apenas por esse motivo.
"É inevitável ver o peso da crise externa nesse resultado. A indústria é muito sensível a essas mudanças", diz o economista Sergio Vale, da consultoria MB Associados.
De acordo com os analistas, o impacto da turbulência externa pode ser medido pela queda na confiança de empresários. Sondagem da FGV de outubro mostrou que o otimismo já cai há dez meses.
Para o IBGE esta pode ser uma das explicações para a redução da produção de máquinas e equipamentos, que recuou 4,1% em setembro.
Como não esperam um crescimento econômico maior, os empresários deixam de investir na produção.
Rafael Bacciotti, da consultoria Tendências, também acha que a expectativa da piora do cenário externo está afetando a indústria.
Mas ele destaca outros fatores que também impedem o crescimento da atividade, como a competição maior com importados e as dificuldades para exportar.
Com o real valorizado em relação ao dólar, observa, os produtos nacionais perdem parte de sua atratividade.

PIB
Para Vale, "há um grande risco" de um PIB negativo no terceiro trimestre diante do desempenho da indústria em setembro. A consultoria LCA reviu seus números e prevê recuo de 0,2% na comparação com o segundo trimestre.
A Tendências também não descarta um resultado negativo do PIB no período.
Com o desempenho mais fraco entre julho e setembro, as consultorias revisaram o crescimento da economia para 2011. As apostas, que estavam em torno de 4,5% no início do ano, agora estão em torno de 3%.


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