São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011

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Governo desiste de nomeação de Sader

Decisão de cancelar indicação de sociólogo para Casa de Rui Barbosa foi referendada pela presidente Dilma Rousseff

Após chamar ministra Ana de Hollanda de "meio autista", Sader abriu crise no governo; parte do PT o defendeu


ANA PAULA SOUSA
DE SÃO PAULO

Foi numa reunião entre a presidente Dilma Rousseff e integrantes da cúpula petista, como Gilberto Carvalho, secretário-geral da Presidência, que o governo decidiu o destino de Emir Sader.
O sociólogo, que deveria assumir nos próximos dias a presidência da Casa de Rui Barbosa, uma das sete autarquias diretamente ligadas ao Ministério da Cultura (MinC), virou assunto de governo após chamar a ministra Ana de Hollanda de autista.
Em entrevista publicada pela Folha no último domingo, Sader acusou Hollanda de "não falar" e de ser "meio autista". Ele também defendia a transformação da Casa de Rui Barbosa, tradicionalmente dedicada à preservação de acervos literários, em um centro de discussões sobre os feitos do governo Lula.
No próprio domingo, secretários e assessores de comunicação do governo trocaram telefonemas. Fontes ouvidas pela Folha dizem que, na segunda-feira, Hollanda já estava decidida a cancelar a nomeação de Sader.
Se não fez isso de imediato foi por saber que, ao mexer nessa peça, bagunçaria o tabuleiro político do ministério. Sader, afinal de contas, faz parte do setor cultural do PT. Sua ausência dos quadros do ministério não é bem vista por parte do partido.
O governo temia, além disso, que a "exoneração" de alguém que nem empossado tinha sido gerasse críticas à gestão da nova ministra.
Até mesmo a presidente Dilma chegou a comentar com interlocutores que Hollanda tem tido dificuldades para controlar a oposição dentro do próprio ministério.
Segundo fontes ligadas à Presidência, Rousseff avaliou que a ministra precisa ser mais firme no cargo.
Apesar de, em última instância, a decisão ter sido tomada pelo Planalto, a nota oficial foi emitida pelo MinC, numa forma de circunscrever as esperadas reações pró-Emir Sader ao ministério.
Até o fechamento desta edição, o nome de seu substituto não havia sido definido. Uma possibilidade é que seja mantido o presidente atual, José Almino de Alencar.
O governo também estaria tentando encontrar um novo lugar para que Sader coloque de pé as ideias que tinha para a casa que não será sua.

Colaborou NATUZA NERY, de Brasília


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