São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011

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Guerra foi primeira experiência fora do Brasil para a maioria

DE SÃO PAULO

A grande maioria dos combatentes brasileiros na Segunda Guerra nunca tinha pisado fora do país antes de embarcar. Vários relataram que nunca tinham nem sequer saído das suas cidades.
Eles tiveram algumas oportunidades esporádicas de conhecer mais do que as trincheiras. "Quando estávamos indo para a Itália, um capitão fez a proposta de todos manterem a castidade na guerra. Acabou apelidado de "capitão palmita de la mano'", contou o veterano Luiz Paulino Bomfim.
Uma minoria teve sucesso: após o fim do confronto, um navio da FEB (Força Expedicionária Brasileira) foi buscar cinquenta "noivas de guerra" -um número pequeno, já que o Brasil mandou 25 mil homens para a guerra.
Não se sabe ao certo quantos tiveram relacionamentos mais casuais. Existe, porém, uma quantidade razoável de relatos de prostituição perto das áreas de combate.
Outra diversão era o álcool. O hábito de beber ficava claro em textos de um jornal independente publicado pelos soldados na Itália chamado de "E a Cobra Fumou!" -dizia-se que era mais fácil uma cobra fumar do que o Brasil ir à guerra.
"Eu quero apresentar os nossos rapazes/ Valentes bebedores de uma pinga/ São guerreiros também. Já faz um ano/ Ou, se não fez, deve faltar pouquinho/ Que, em patrulhas na casa do italiano/ Não achando o inimigo, prendem o vinho", dizia poema publicado sobre o tema.
Muitos eram descendentes de italianos, o que facilitou o contato. Outro grande contingente era de descendentes de alemães.
Em 2008, o pesquisador da Universidade Federal do Paraná Dennison de Oliveira publicou um livro chamado "Os Soldados Alemães de Vargas" (Juruá Editora) sobre o assunto, tentando entender como eles lutaram contra os seus "primos".
Alguns militares utilizaram a sua ascendência como justificava para ficar no Brasil. Entre eles, destaca-se um nome: Ernesto Geisel, que viria a ser presidente quase três décadas depois. (RM)


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