São Paulo, sexta-feira, 03 de junho de 2011

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OS NEGÓCIOS DO MINISTRO

Sob pressão, Palocci promete romper silêncio e se explicar

Ministro diz a Dilma e ao PT que se pronunciará hoje sobre enriquecimento e atividades de sua consultoria

Marco Maia, presidente da Câmara, decide anular convocação para que chefe da Casa Civil deponha em comissão


DE BRASÍLIA

Sob a ameaça de ser abandonado pelo próprio partido e pressionado pelo Palácio do Planalto, o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, se comprometeu ontem a falar publicamente sobre as atividades de sua empresa de consultoria, a Projeto.
A decisão de quebrar o silêncio foi uma resposta a um ultimato do PT. Numa reunião que invadiu a madrugada de ontem, líderes do partido chegaram a discutir a saída de Palocci do governo.
Há 20 dias, desde que a Folha revelou que Palocci enriqueceu trabalhando como consultor, o ministro se mantém em silêncio sobre o caso, que levou à primeira crise do governo Dilma.
Mas ontem, quando a Executiva Nacional do PT ameaçava lavar as mãos sobre o destino de Palocci, o ministro informou à presidente Dilma Rousseff e ao partido que falará. O comando petista decidiu esperar pelo pronunciamento antes de se manifestar sobre a crise.
O presidente da Câmara, o petista Marco Maia (RS), resolveu anular a decisão da Comissão de Agricultura da Câmara de convocar o ministro para se explicar no Congresso, para evitar que ele seja exposto a questionamentos agressivos.
A expectativa, diz o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), é que Palocci fale hoje. "Amanhã [hoje] o ministro vai oferecer explicações à imprensa, ao público."
O Planalto segue com sua estratégia de evitar que Palocci fale no Congresso, diante da avaliação de que a oposição tentará transformar uma convocação do ministro numa operação para desgastar o governo Dilma.
A avaliação da equipe do ministro da Casa Civil é que o melhor caminho para dar esclarecimentos públicos é uma entrevista à imprensa.
"Está tudo acertado. Ele vai falar", afirmou o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, acrescentando que ele falará a pedido de Dilma antes mesmo do parecer da Procuradoria-Geral da República sobre o pedido de abertura de inquérito.
Carvalho liderou uma operação para tentar reverter o isolamento do chefe da Casa Civil dentro do partido. O principal recado do governo foi de que o PT -que, no passado, cerrou fileiras para salvar os peemedebistas Renan Calheiros (AL) e José Sarney (AP)- não pode se omitir na defesa de um petista.
Apesar do esforço, nenhum integrante da Executiva do PT saiu em defesa enfática de Palocci. Coube ao presidente da sigla, Rui Falcão, apoiar o ministro, ressalvando que aquela era uma opinião pessoal. "Ele agiu dentro da legalidade."
O compromisso de dar explicações públicas não aplaca a insatisfação de petistas. A avaliação é que a permanência de Palocci depende da consistência da defesa.


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