MARÍLIA ROCHA
DE CAMPINAS

SILVIO NAVARRO
ENVIADO ESPECIAL A CAMPINAS

Apontada pelo Ministério Público Estadual como mentora do suposto esquema de desvios na Prefeitura de Campinas, a primeira-dama Rosely Nassim Santos foi submetida ontem a uma acareação com o lobista Maurício Manduca.
Nassim e o lobista, suspeito de atuar como intermediário entre empresários e agentes públicos, negaram se conhecer, segundo o promotor Amauri Silveira Filho, que investiga o caso.
Após a acareação, a primeira-dama pediu exoneração do cargo de chefe de gabinete da prefeitura. "É um gesto de grande desprendimento, o objetivo da doutora Rosely é preservar a administração pública", afirmou em nota o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos, o Doutor Hélio (PDT).
Nassim se recusou, porém, a responder aos questionamentos dos promotores. "É uma acareação que não faz nenhum sentido porque não havia contradição nenhuma", disse o advogado que a defende, Eduardo Carnelós.
Manduca foi uma das 14 pessoas presas a pedido do Gaeco (Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado) na semana passada. Nassim está protegida por um habeas corpus preventivo.
O esquema de desvios foi delatado pelo ex-presidente da Sanasa (empresa mista de água e esgoto) Luiz Aquino, segundo quem o lobista teria contato direto com a primeira-dama. Aquino fez a denúncia em troca do benefício da delação premiada.

GRAVAÇÕES
Ontem, Manduca também foi submetido a um reconhecimento de diálogos gravados entre ele e outros integrantes do grupo tratando do suposto esquema. O material consta de um CD apreendido na casa do próprio lobista.
Manduca confirmou a autenticidade das conversas. De acordo com seu advogado, Leo Chagas, as gravações foram feitas para provar que seu cliente teria sido coagido por Aquino.
Já Aquino afirmou aos promotores exatamente o contrário: que teria sido pressionado por Manduca a participar das fraudes.


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