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Mineiro abriu caminho para o sucesso do Plano Real
Presidente assegurou estabilidade democrática pós-Collor; no Senado, foi crítico ferrenho do governo Dilma
OSCAR PILAGALLO
ESPECIAL PARA A FOLHA
O presidente Itamar Franco despontou da Prefeitura
de Juiz de Fora (MG) para o
cenário político nacional em
1974, quando foi eleito senador pelo MDB. Naquele ano,
o partido beneficiou-se da insatisfação com o regime militar e recebeu uma enxurrada
de votos em todo o país.
Reeleito senador em 1982
pelo PMDB, Itamar tentaria o
governo mineiro em 1986,
pelo Partido Liberal. Foi derrotado por Newton Cardoso,
do PMDB, partido que naquele ano obteve sua maior
vitória, na onda do popular
Plano Cruzado.
Em 1989, Itamar entrou na
chapa de Fernando Collor como candidato a vice. Já durante a campanha, desentendeu-se com a equipe e ameaçou renunciar à candidatura.
Com a vitória, foi isolado do
centro de decisões e tornou-se um crítico do governo.
O rompimento se consumou em abril de 1992, quando uma reforma ministerial
alçou ao primeiro escalão políticos ligados ao regime militar. Contrariado, Itamar se
desligou do PRN em março.
Àquela altura, denúncias
de corrupção já abalavam o
mandato de Collor. Itamar
atuou discretamente em busca de uma saída constitucional que o levasse a assumir a
Presidência.
Itamar começou a governar interinamente em 2 de
outubro, quando a Câmara
autorizou a abertura do processo de impeachment e o
presidente foi afastado.
Em 29 de dezembro, Collor
renunciou. Com meio mandato, Itamar tinha dois desafios: a estabilidade democrática e o combate à inflação.
Itamar teve três ministros
da Fazenda antes de convidar Fernando Henrique Cardoso a assumir a pasta, em
maio de 1993. Com êxito, FHC
implementou o Plano Real a
partir de março de 1994 e em
outubro elegeu-se presidente
no primeiro turno. Itamar
deixou o governo com razoável índice de aprovação.
A convivência entre Itamar e FHC não seria pacífica.
Consolidava-se uma imagem folclórica do mineiro,
em episódios como o Carnaval de 1994. Em plena gestação do Real, Itamar deixou-se fotografar no Sambódromo ao lado de uma modelo
seminua. A foto provocou
uma crise no governo.
No início do mandato de
FHC, sua nomeação como
embaixador em Lisboa não
impediu que o Itamar fustigasse o antigo colaborador.
Quando FHC dava início
ao segundo mandato, em
1999, Itamar chegava ao Palácio da Liberdade. Em meio
a uma aguda crise financeira
internacional, a situação do
Brasil já era crítica quando
Itamar declarou a moratória
da dívida mineira. O gesto
gerou desconfiança dos investidores estrangeiros, e o
real, vítima de um ataque especulativo, desvalorizou-se.
Em 2003, depois de apoiar
a eleição de Lula, Itamar foi
nomeado embaixador em
Roma, onde ficou por dois
anos. De volta em 2005, iniciou uma espécie de exílio
voluntário em Juiz de Fora.
O isolamento foi rompido
em 2010. Filiado ao PPS (Partido Popular Socialista), Itamar foi conduzido à vice-presidência da legenda e conquistou uma cadeira no Senado, com o apoio do governador eleito Aécio Neves.
De volta ao Parlamento,
mostrou-se um crítico de primeira hora do governo Dilma. Na Comissão de Reforma
Política, foi autor de duas
propostas: mandato presidencial de cinco anos e o fim
da reeleição.
Em maio, foi diagnósticado com leucemia.
OSCAR PILAGALLO, jornalista, é autor de
"A História do Brasil no Século 20" (em
cinco volumes, pela Publifolha).
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