São Paulo, domingo, 03 de julho de 2011

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mercado em cima da hora

Casino sabia de interesse no Carrefour, diz Abilio

Para empresário, não houve quebra de cláusula do acordo com o Casino

Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, queria esperar e comprar Carrefour aos pedaços, segundo Diniz

MARIA CRISTINA FRIAS
COLUNISTA DA FOLHA

"Nunca proporia ao BNDES entrar em um negócio meu. Segundo o mercado, será o melhor negócio [mais lucrativo] que o BNDES já fez", disse ontem à Folha o empresário Abilio Diniz, em relação à entrada do BNDESPar na fusão do Pão de Açúcar com Carrefour.
Sobre o aparente recuo do governo à proposta, afirma que "é claro que o BNDES quer que os sócios se acertem. Ainda bem que se manifestou [nesse sentido]."
Diniz afirmou que desde 2010 Jean-Charles Naouri, controlador e presidente do Casino, sabia de seu interesse no Carrefour.
O sócio francês no Pão de Açúcar, segundo Abílio, achava que Carrefour ia mal e "queria comprar muito barato, quando já estivesse aos pedaços, como fez agora [ao adquirir] o Carrefour em país da Ásia. Se eu for esperar isso, talvez não consiga ver [a compra realizada]".
Segundo Diniz, Naouri não dizia nem sim nem não sobre Carrefour. "Era muito cético", diz. "Jean-Charles é um grande financista, mas que precisa ter controle sozinho, muito difícil."
"Sempre foi assim", diz sobre tomar iniciativas sem conversar com o sócio, como antes das compras de Casas Bahia e Ponto Frio.
"Casino contribuiu muito pouco conosco. Nós é que contribuímos com ele nesses 11 anos", conta. "Tentei mudar [certas políticas] no Casino, mas Jean Charles não é receptivo."
Nem de boa paz, considera. "Jean Charles briga sempre. Disse a ele: comigo você não vai brigar, mas não fui bem sucedido."
Para Diniz, o sócio francês age de forma emocional ao condenar a operação sem analisá-la. "Todo empresário tem o objetivo de sentar e negociar. Não pode se fechar."
Abílio afirma que ele pessoalmente perde alguns direitos com a fusão, mesmo após 2012. "Vou ter 15% de voto, como os outros." Pelo acordo existente, "Casino é obrigado a me eleger presidente do conselho e tenho direito a mais membros [três] no conselho."
Com quem ficaria o controle administrativo? "Aqui no Brasil com o Pão de Açúcar, claro que usando o melhor que eles teriam também. Não sou de demitir."
Acionistas decidirão, frisa. "Não terei nenhum direito."
Quando questionado que interesse o Casino, que assumiria o controle em 2012, teria na proposta, Abilio devolve: "para que controle se a empresa vai bem?"
Abilio se fecha para responder se feriu cláusula do acordo ao não comunicar ao sócio que negociava com o concorrente dele. Diz que advogados de renome emitiram pareceres sobre isso.
"Não tem cláusula de que não posso negociar sem ele", acrescenta. "Se não for bom para ele, que negocie."
Diz que não faz conjecturas sobre que desdobramentos do caso espera. "Quero que se restabeleça a verdade, que não se deixem iludir."


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