São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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ANÁLISE

No final, eleitor assume o papel de protagonista

MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA

ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA

A primeira eleição sem Lula candidato. A primeira eleição com um presidente-padrinho com recordes de popularidade. Se o filme desta eleição, revelado quadro a quadro pelo Datafolha ao longo de 2010, teve o petista como um de seus principais atores, chega ao epílogo nas mãos do protagonista soberano: o eleitor.
A pesquisa divulgada hoje mostra que a petista Dilma Rousseff acorda no dia da eleição com 50% dos votos válidos. Como a margem de erro do estudo corresponde a dois pontos percentuais, fica impossível afirmar com certeza se Lula conseguirá eleger antecipadamente sua sucessora. Tudo indica que, caso haja segundo turno, o adversário será José Serra.
A história repete o roteiro das últimas duas disputas, nas quais a corrida chegou indefinida à reta final e o segundo turno foi desenhado no dia da eleição.
Para melhor compreensão do comportamento eleitoral dos brasileiros, é essencial o registro do momento exato em que os movimentos aconteceram e os vetores das variações. A ascensão e queda de Ciro Gomes em 2002 e os reflexos da ausência de Lula no debate em 2006 ilustram a importância desses recortes.
Na eleição de 2010, José Serra começou na frente. O recall do tucano, candidato mais conhecido por parte do eleitorado, lhe garantiu a liderança isolada até abril.
Em maio, programas e inserções do PT na TV associaram Dilma a Lula e levaram a petista ao empate com Serra.
O empate se manteve até o início de agosto, quando, após a oficialização das candidaturas e intensificação da cobertura por parte da mídia, Dilma passou a liderar.
Entrevista e agenda no "Jornal Nacional" e, posteriormente, o início do horário eleitoral gratuito foram fundamentais não só para apresentar a candidata à maioria dos eleitores como para transmitir seus atributos de capacidade técnica.
A partir daí, Dilma disparou e conseguiu penetrar inclusive em segmentos típicos de eleitores tucanos. Porém, perdeu apoio que havia conquistado nesses estratos com as denúncias de tráfico de influência na Casa Civil.
Ao mesmo tempo, foi minada por um crescimento contínuo da candidata do PV, Marina Silva.
Agora, Dilma chega com chances idênticas de se sagrar a primeira mulher presidente do Brasil, eleita em primeiro turno -algo que nem Lula conseguiu-, como de enfrentar nova disputa.


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