São Paulo, domingo, 03 de outubro de 2010

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Fatores externos influenciam resultado

Chuvas, filas e desinformação sobre documentos são relevantes quando margem para segundo turno é pequena

Segundo o cientista político Alberto Carlos Almeida, os candidatos que lideram são os mais prejudicados por erros

RICARDO WESTIN
DE SÃO PAULO

O resultado de uma eleição não depende apenas das convicções políticas dos eleitores. Fatores externos são capazes de influenciar o cômputo final de votos.
O dia chuvoso previsto em parte do país, o vaivém nos documentos exigidos do eleitor, a decisão da Justiça Eleitoral de anular os votos que forem dados aos "fichas-sujas", tudo isso pode interferir na votação de hoje.
"São fatores que em geral não têm grande relevância numa votação, não provocam reviravolta. Mas podem se tornar significativos quando a margem para a realização do segundo turno é pequena", diz Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha.
Paulino explica a influência das longas filas. Elas deverão se formar por causa da quantidade de candidatos nos quais cada eleitor votará: seis. Em 2006, foram cinco -neste ano, o eleitor escolherá dois para o Senado.
"Se passou por uma fila grande e ouviu as pessoas reclamando da demora, ele se sentirá pressionado a votar rápido. Na pressa, poderá ficar nervoso e errar", diz.
O diretor do Datafolha afirma que a ordem dos candidatos na urna também pode atrapalhar. As atenções na campanha se voltam para os candidatos a presidente, mas esse é o último dos seis votos.
"Os eleitores podem se confundir [no primeiro candidato] e dar o número do presidente ao deputado estadual." E continua: "Há o risco de, no senador, votarem na legenda. Se fizerem isso, o voto será anulado".

OS MAIS PREJUDICADOS
Segundo o cientista político Alberto Carlos Almeida, do Instituto Análise, o candidato que lidera é o mais prejudicado pelos erros ao votar.
"O primeiro colocado nas pesquisas é, em geral, o mais votado pelas pessoas da classe mais baixa. São essas pessoas, de baixa escolaridade, as que mais se confundem."
A chuva, por sua vez, pode contribuir com a abstenção. "Se a chuva cai no Norte ou no Nordeste, prejudica mais Dilma [PT]. Se cai no Sul ou no Sudeste, prejudica mais Serra [PSDB] e Marina [PV]", exemplifica Paulino.
Até a votação passada, o eleitor podia votar com o título ou com um documento com foto. A partir deste ano, ambos seriam obrigatórios. Na semana passada, o Supremo Tribunal Federal decidiu que só se deve apresentar um documento com foto.
Diante das mudanças, é provável que eleitores apareçam só com o título e, assim, sejam impedidos de votar.
Em 2005, o então presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Carlos Velloso, estimava que 30 milhões de eleitores não tinham documento de identidade.
Alberto Carlos Almeida crê que isso não terá grande efeito. "No interior, o mesário conhece o eleitor. Ainda que chegue só com o título, será autorizado a votar."
Para ele, a indecisão sobre a Lei da Ficha Limpa fará com que eleitores deixem de votar em "fichas-sujas". Na semana passada, o TSE determinou que serão anulados os votos dados aos "fichas-sujas". Caso eleitos, porém, poderão recorrer à Justiça para tentar assumir.


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