São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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ANÁLISE

Tensões e disputa por prestígio impulsionam debate sobre teto

GUSTAVO PATU
DE BRASÍLIA

A motivação maior das articulações para regulamentar o teto salarial do funcionalismo não é o interesse em organizar a política de recursos humanos da União, o objetivo de controlar os gastos com pessoal ou a preocupação com a imagem perante a opinião pública.
O que dá novo impulso ao projeto são tensões e ressentimentos acumulados na corrida por poder e prestígio entre os três Poderes e seus diversos escalões.
No peculiar mercado de trabalho dos servidores com estabilidade no emprego, o principal parâmetro para os pleitos salariais não é o desempenho profissional, a situação da economia ou a inflação acumulada.
O que baliza as reivindicações é a comparação entre as vantagens obtidas pelas diferentes corporações. Os auditores se pautam pelo contracheque dos delegados; a Câmara reclama os benefícios do Senado; quase todos invejam o Tribunal de Contas e o Ministério Público.
A vocação sindicalista levou o governo Lula a buscar a redução da distância entre os salários do Executivo e os dos demais Poderes. A remuneração média dos civis teve um salto de 165% e hoje é de R$ 7.533 mensais, contra R$ 11.448 no Judiciário (alta de 75%) e R$ 14.096 no Legislativo (107%).
No final do ano passado, presidente, vice, ministros de Estado, deputados e senadores tiveram seus vencimentos elevados para os R$ 26,7 mil pagos aos ministros do STF.
A escalada salarial do Executivo inflacionou as ambições entre todas as carreiras.
O Judiciário e Legislativo falam em reajustes de até 60%, rejeitados pelo Planalto. Nas cúpulas dos Poderes, a nova frente de disputa são as brechas e regalias que permitem driblar o teto.


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