São Paulo, segunda-feira, 03 de outubro de 2011

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Diretor de Furnas dedica tempo para atos eleitorais

Paroli é o único integrante da cúpula da empresa que possui perfil político

Presença de diretor é frequente em eventos de Furnas em Minas, onde nasceu; ele nega favorecimento à região

MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO

Na fábrica de polvilho de Muzambinho, sul de Minas, há um consenso: sem Furnas, o projeto não estaria de pé. Ademir Piza, seu presidente, define bem a ideia: "a empresa e o senhor Paroli são grandes parceiros da gente".
O "senhor Paroli" é Luís Fernando Paroli Santos, 39, diretor de Gestão Corporativa de Furnas desde 2008.
O único integrante com perfil político da atual direção da companhia dedica parte do seu tempo à frente da empresa a atividades que sem ligação com seu cargo.
Entre elas, a entrega de ambulâncias a prefeituras do sul de Minas ou a visita a uma fábrica de cachaça da região.
Em agosto, a presidente Dilma Rousseff determinou mudanças na diretoria de Furnas, para que ela tivesse um perfil mais técnico.
Paroli foi o único mantido no cargo. Ex-comerciante em Elói Mendes, município mineiro, com cerca de 10 mil habitantes, ele é formado em ciências da computação.
Naquela área, a empresa, presente em dez estados e no Distrito Federal, é reconhecida por seu assistencialismo.
Em todos os eventos, Paroli está presente. Sempre acompanhado daquele que é considerado o seu padrinho político, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG).
Em nota, Paroli nega o apadrinhamento. "Minha recondução passou por uma análise técnica da minha gestão", afirma. Cunha não respondeu até a conclusão desta edição.
"Em 2009, Furnas doou R$ 37 mil à fábrica. Depois nos deu um trator e ainda patrocinou a festa de inauguração", conta Piza, o presidente da fábrica de polvilho.
Muzambinho também recebeu patrocínio de Furnas para a construção de uma cozinha comunitária, inaugurada pela dupla Paroli-Cunha.
Em 2009, a empresa destinou R$ 5 milhões ao programa Furnas Social. Minas recebeu verba em 129 projetos -mais de quatro vezes mais do que o Rio (28).
De acordo com a assessoria de Furnas, a seleção "é realizada por um comitê formado por seis profissionais que representam cada uma das diretorias de Furnas" e "a empresa exige uma série de documentos e certidões".

ÊXITO ELEITORAL
A presença constante no sul de Minas rendeu êxito ao padrinho. Em sua primeira eleição para deputado estadual, em 2002, Odair Cunha obteve 34 mil votos. Em 2010, como candidato a deputado federal, conseguiu 164 mil.
O deputado e o diretor de Furnas foram sócios na Digitat Informática Ltda, em 2005. Logo depois, a empresa fechou. Em 2008, Paroli entrou em Furnas por indicação de Cunha. Na época, parte da diretoria era do PMDB -ele entrou na cota do PT mineiro.
Em fevereiro, o engenheiro Flávio Decat assumiu a presidência. Em agosto, três diretores técnicos substituíram as indicações políticas e reduziram o poder do PMDB na empresa.
Entre os indicados por suas ligações políticas, apenas Paroli permaneceu.
Sindicalistas contam que, desde então, Paroli repete que "tem enorme cartaz com a presidente Dilma" e que ninguém mexe com ele.
A Paroli cabe negociar com sindicalistas melhorias salariais e de estrutura. Funcionários reclamam do grande número de empresas terceirizadas (cerca de 625) e de problemas com limpeza, vigilância e manutenção.
Diz-se em Minas que Paroli se candidatará à Prefeitura de Elói Mendes em 2012. Em 2004, pelo PT, ficou em 3º lugar.


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