São Paulo, terça-feira, 04 de janeiro de 2011

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WIKILEAKS PAPÉIS BRASILEIROS

Para EUA, governo pressionou por asilo a membro das Farc

Diplomatas apontam pressão da Presidência para conceder status de refugiado a Medina

FLÁVIA MARREIRO
DE BOGOTÁ

Para a Embaixada dos EUA em Brasília, apenas "uma pressão política de alto nível" poderia explicar a decisão brasileira, em 2006, de conceder asilo político no Brasil a Oliverio Medina, considerado porta-voz informal das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) no Brasil.
Num documento enviado a Washington vazado pelo site WikiLeaks (www.wikileaks.ch), a representação americana comenta a decisão que classifica como contraditória ante o compromisso do Brasil com o combate ao "terrorismo". A Folha é um dos sete veículos de imprensa que possuem acesso antecipado ao material.
O texto comenta ainda as suspeitas da Embaixada da Colômbia no Brasil de que a pressão de "alto nível" havia partido de Marco Aurélio Garcia, então assessor internacional da Presidência.
"Particularmente preocupantes são as alegações de que a Presidência [brasileira] subverteu o processo e pressionou o Comitê Nacional para os Refugiados para tomar uma decisão contrária a suas próprias diretrizes -alegações que pensamos ser críveis", diz o texto enviado a Washington em 2006.
Quatro anos antes, a Polícia Federal havia prendido Medina, a pedido da Colômbia. Em 2007, um ano após ele conseguir o status de refugiado, o Supremo Tribunal Federal negou a extradição.
Em julho de 2008, e-mails obtidos pela Folha do computador de Raúl Reyes, líder das Farc morto em março daquele ano, apontaram a tentativa da guerrilha de abrir espaços de interlocução no PT e no governo.
As mensagens não revelaram relação institucional do Planalto com o grupo.
A representação americana se diz intrigada pela decisão brasileira, ponderando que o gesto a favor de Medina em pleno ano eleitoral poderia ter repercussão na campanha e reavivar as denúncias de que as Farc haviam enviado dinheiro à campanha de Lula em 2002.

Colaborou FERNANDO RODRIGUES, de Brasília


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