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Alckmin se recolhe e irrita cúpula da campanha tucana
Pré-candidato ao governo de SP, com cerca de 50% de intenções de voto, foi a 9 cidades em maio; Mercadante (PT) visitou 21
FÁBIO ZAMBELI
DE BRASÍLIA
A reclusão do pré-candidato do PSDB ao governo de
São Paulo, Geraldo Alckmin,
irrita a cúpula da campanha
tucana, que passou a cobrar
empenho do ex-governador
na defesa da candidatura de
José Serra à Presidência.
No mês de maio, após lançar seu nome ao Palácio dos
Bandeirantes, Alckmin visitou nove cidades e fez aparições públicas em oito eventos, segundo levantamento
feito pela Folha.
No mesmo mês, seu principal oponente na corrida eleitoral, o senador Aloizio Mercadante (PT), percorreu 21
municípios e marcou presença em 19 reuniões setoriais.
Enquanto o tucano mantém discrição nas entrevistas, o rival petista pulverizou
a sua presença na mídia regional e visita jornais e emissoras de rádio para difundir o
que considera realizações do
governo Lula.
Onde aporta, se esforça
para associar os supostos feitos da gestão federal à ex-ministra da Casa Civil Dilma
Rousseff, rival do PSDB na
disputa pelo Planalto.
No período de "recolhimento" de Alckmin, a vantagem de Serra para Dilma na
região Sudeste caiu de 17 para 9 pontos percentuais, segundo o Datafolha. Nesse
mesmo intervalo, os tucanos
cumpriram apenas uma
agenda em comum.
DESCONFORTO
A interlocutores, Serra tem
explicitado o desconforto
com o comportamento comedido do aliado paulista,
apontado como um vigoroso
cabo eleitoral, especialmente
no interior do Estado.
O ex-governador e ex-secretário estadual de Desenvolvimento, com índice próximo de 50% das intenções
de voto, foi aconselhado por
sua equipe a optar por um
circuito reservado até 5 de julho, quando a Lei Eleitoral
permite que a campanha ganhe as ruas.
"Ele [Alckmin] é muito zeloso e rigoroso com o cumprimento da Lei Eleitoral. Depois da convenção, é natural
que saia mais", diz o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), que coordena a elaboração do programa de governo
do pré-candidato.
Alckmin passa por um período de "imersão" na máquina estadual. Tem se reunido periodicamente com secretários da gestão José Serra-Alberto Goldman com o
objetivo de traçar um diagnóstico preciso dos setores
nevrálgicos do governo.
Nos últimos 15 dias, ele
participou de longos encontros com os titulares da Educação (Paulo Renato Souza),
da Saúde (Luiz Roberto Barradas Barata), da Segurança
Pública (Antonio Ferreira
Pinto) e da Gestão (Marcos
Monteiro).
Embora o discurso oficial
seja de "fina sintonia" entre
Alckmin e Serra, o pedido para que o ex-governador corra
o Estado para fazer o contraponto à retórica do PT, propagada por Mercadante, representa, na prática, o primeiro ruído entre as campanhas nacional e estadual do
PSDB em 2010.
Expõe também chagas do
relacionamento entre as alas
serrista e alckmista, abertas
em 2006, quando os dois políticos ocupavam papéis inversos na eleição.
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