São Paulo, sexta-feira, 04 de junho de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Alckmin se recolhe e irrita cúpula da campanha tucana

Pré-candidato ao governo de SP, com cerca de 50% de intenções de voto, foi a 9 cidades em maio; Mercadante (PT) visitou 21

FÁBIO ZAMBELI
DE BRASÍLIA

A reclusão do pré-candidato do PSDB ao governo de São Paulo, Geraldo Alckmin, irrita a cúpula da campanha tucana, que passou a cobrar empenho do ex-governador na defesa da candidatura de José Serra à Presidência.
No mês de maio, após lançar seu nome ao Palácio dos Bandeirantes, Alckmin visitou nove cidades e fez aparições públicas em oito eventos, segundo levantamento feito pela Folha.
No mesmo mês, seu principal oponente na corrida eleitoral, o senador Aloizio Mercadante (PT), percorreu 21 municípios e marcou presença em 19 reuniões setoriais.
Enquanto o tucano mantém discrição nas entrevistas, o rival petista pulverizou a sua presença na mídia regional e visita jornais e emissoras de rádio para difundir o que considera realizações do governo Lula.
Onde aporta, se esforça para associar os supostos feitos da gestão federal à ex-ministra da Casa Civil Dilma Rousseff, rival do PSDB na disputa pelo Planalto.
No período de "recolhimento" de Alckmin, a vantagem de Serra para Dilma na região Sudeste caiu de 17 para 9 pontos percentuais, segundo o Datafolha. Nesse mesmo intervalo, os tucanos cumpriram apenas uma agenda em comum.

DESCONFORTO
A interlocutores, Serra tem explicitado o desconforto com o comportamento comedido do aliado paulista, apontado como um vigoroso cabo eleitoral, especialmente no interior do Estado.
O ex-governador e ex-secretário estadual de Desenvolvimento, com índice próximo de 50% das intenções de voto, foi aconselhado por sua equipe a optar por um circuito reservado até 5 de julho, quando a Lei Eleitoral permite que a campanha ganhe as ruas.
"Ele [Alckmin] é muito zeloso e rigoroso com o cumprimento da Lei Eleitoral. Depois da convenção, é natural que saia mais", diz o deputado federal José Aníbal (PSDB-SP), que coordena a elaboração do programa de governo do pré-candidato.
Alckmin passa por um período de "imersão" na máquina estadual. Tem se reunido periodicamente com secretários da gestão José Serra-Alberto Goldman com o objetivo de traçar um diagnóstico preciso dos setores nevrálgicos do governo.
Nos últimos 15 dias, ele participou de longos encontros com os titulares da Educação (Paulo Renato Souza), da Saúde (Luiz Roberto Barradas Barata), da Segurança Pública (Antonio Ferreira Pinto) e da Gestão (Marcos Monteiro).
Embora o discurso oficial seja de "fina sintonia" entre Alckmin e Serra, o pedido para que o ex-governador corra o Estado para fazer o contraponto à retórica do PT, propagada por Mercadante, representa, na prática, o primeiro ruído entre as campanhas nacional e estadual do PSDB em 2010.
Expõe também chagas do relacionamento entre as alas serrista e alckmista, abertas em 2006, quando os dois políticos ocupavam papéis inversos na eleição.


Texto Anterior: Frase
Próximo Texto: Ex-governador pediu desculpas para concorrer
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.