São Paulo, quinta-feira, 04 de agosto de 2011 |
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ANÁLISE BASE ALIADA Dependente do PMDB, Dilma não faz faxina nos ministérios do partido Medo da bancada mais poderosa explica a ausência de demissões de aliados peemedebistas
JOSIAS DE SOUZA DE BRASÍLIA Sob Dilma Rousseff, existe a "faxina" e a faxina. A limpeza sem aspas foi insinuada contra o PR. Com aspas, contra o PMDB. A julgar pelo que diz em privado, Dilma parece sinceramente incomodada com o modelo que escora a governabilidade na ocupação predatória do Estado. No instante em que degustava a pompa da higienização nos Transportes do PR, tropeçou na circunstância de suas limitações na Agricultura do PMDB. Dilma se deu conta de um detalhe que condicionou a Presidência dos antecessores: o PMDB é aliado de dois gumes. Ajuda a estabilizar. Mas pode desestabilizar. Dilma aproveitara-se do recesso para manusear a vassoura que varreu mais de duas dezenas de servidores da pasta dos Transportes. No segundo dia de Congresso cheio, a oposição logrou obter as quatro assinaturas que faltavam para uma CPI no Senado. Sintomaticamente, as derradeiras foram amealhadas quando ocupava a tribuna Alfredo Nascimento (PR-AM), ministro varrido dos Transportes. Em discurso apinhado de recados, ele insinuou que as suspeitas que o defenestraram nasceram no ano eleitoral de 2010. Mais: disse que pedia votos no Amazonas quando o orçamento do pedaço do PAC tocado pelos Transportes foi tonificado em R$ 14 bilhões. Pior: afirmou que, reconduzido à pasta, deu ciência a Dilma da inconsistência dos gastos. Deu a entender que a ex-mãe do PAC passava a vassoura sobre o próprio pé. Ficou entendido que, aberta a CPI, a matéria-prima para a investigação viria do legado de Lula e da campanha presidencial de 2010. Seguindo ordens de Dilma, o Planalto desceu ao front com métodos de fazer corar o ex-PT. Extraíram-se duas rubricas do pedido de CPI, inviabilizando-o. No instante em que os operadores de Dilma iniciavam a operação enterra-CPI, a caciquia do PMDB reunia-se no gabinete do vice-presidente Michel Temer. O encontro não foi fortuito. Rodeado de líderes e ministros, Temer exibiu as armas da sigla: o tamanho e a unidade. Sob FHC, o tucano Tasso Jereissati animou-se a sugerir ao presidente que se livrasse do PMDB. "Tá louco! Vamos ter uma CPI a cada 15 dias", reagiu FHC. Nessa época, o PMDB não era tão unido como hoje. E não ocupava a Vice-Presidência. No alvorecer do seu primeiro mandato, Lula ousou esnobar o PMDB. Deu na CPI para investigar o mensalão. No segundo mandato, rendeu-se às evidências. Hoje, empenha-se para convencer Dilma de que a história demonstra que, em política, a "faxina" é sempre mais conveniente do que a faxina. Vem daí a ausência de demissões do PMDB no "Diário Oficial da União". A entrevista em que Oscar Jucá Neto disse que na Agricultura "só tem ladrão" virou problema familiar do irmão e líder do governo Romero Jucá. Texto Anterior: Ministro vai à Câmara e ataca irmão de Jucá Próximo Texto: Ex-diretor do Dnit afirma apoiar CPI dos Transportes Índice | Comunicar Erros |
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