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Falso procurador de filha de Serra tem filiação ao PT
Contador de Mauá havia negado ter vínculo partidário
TRE de SP confirma que Atella se filiou em 2003, em Mauá, mas não se permanece; contador
depôs à Polícia Federal
FLÁVIO FERREIRA
SILVIO NAVARRO
MARIO CESAR CARVALHO
DE SÃO PAULO
O contador Antonio Carlos
Atella Ferreira era filiado ao
PT quando usou uma procuração falsa para retirar na Receita Federal dados sigilosos
de Veronica Serra, filha do
candidato do PSDB à Presidência, José Serra.
O Tribunal Regional Eleitoral informou ontem que ele
se filiou ao PT de Mauá, no
ABC paulista, em outubro de
2003, mas não confirmou se
ele ainda é ligado ao partido.
Segundo o tribunal, consta uma anotação, de novembro de 2009, apontando "exclusão" do nome dele do cadastro de eleitores. Isso não
significa necessariamente
que ele deixou de ser filiado.
Pode ter havido conflito de
documentos ou mudança de
domicílio eleitoral.
A quebra de sigilo de Veronica foi em 30 de setembro,
dois meses antes.
O PT paulista informou
que está fazendo uma varredura no cadastro de filiados.
O presidente nacional do
partido, José Eduardo Dutra,
afirmou não reconhece a filiação do falso procurador.
Ele disse ainda que, se a ligação de Atella com o partido
for confirmada, não "muda
nada", porque ele não tem
participação ativa no PT.
"Eu acho essa história
muito estranha. Não vou ficar fazendo ilações. Ninguém o conhece no partido."
À noite, em Joinville, Serra
disse que a nova informação
reforça suas acusações: "Essa é mais uma prova do envolvimento político do crime
que foi cometido contra a minha família. Isso é mais uma
prova do envolvimento político, claramente".
Atella negou ter vínculo
partidário em duas entrevistas à Folha.
Seu cunhado, o oficial de
Justiça João Primo, foi fundador do PT de Mauá. A sede do
partido no município foi assaltada na quarta-feira.
O prefeito Oswaldo Dias é
do PT. Seu filho, Leandro,
preside o diretório da cidade.
INVESTIGAÇÕES
Ontem, após prestar depoimento à Polícia Federal,
Atella afirmou que o material
retirado na Receita tinha finalidade política. "Foi guardado para ser apresentado
na hora certa, um documento criminoso para ser apresentado numa hora oportuna", disse à Folha.
"Quantos milhões, quantos interesses estão em jogo
num único documento?"
A PF ouviu o contador por
duas horas. Foi coletado material grafotécnico, mas ele
não foi indiciado. A filha de
Serra também deve depor.
Após o depoimento, o contador disse que "tudo foi dito
da mesma maneira" que em
suas entrevistas. "O que foi
veiculado na mídia é aquilo
que é", disse à Folha.
Ele depôs sem advogado e
sem a presença de representante do Ministério Público.
Atella tentou se apresentar
como vítima de uma "trama
criminosa". "Foi quebrado o
sigilo da filha do governador
no ano passado. Quem guardou, guardou para apresentar a um mês da eleição?"
Ele se negou a responder
se o office boy Ademir Estevam Cabral foi mesmo responsável por lhe pedir os dados, conforme sugeriu na
véspera. E voltou a dizer que
o pedido pode ter vindo de
"Minas, Brasília ou Paraná".
A Polícia Civil paulista instaurou inquérito para apurar
os crimes de falsidade ideológica e falsidade documental
no caso. A ordem partiu do
secretário de Segurança, Antonio Ferreira Pinto.
O inquérito deverá ficar
pronto em 30 dias, segundo o
delegado Marcos Carneiro,
diretor do Demacro, que reúne delegacias da Grande São
Paulo. É uma forma de pressionar a PF a ser célere. "Vamos acelerar o máximo para
colher todos os depoimentos
nesse prazo", disse Carneiro.
Colaboraram MÁRCIO FALCÃO, de Brasília,
e DIMITRI DO VALLE, enviado a Joinville
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