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ANÁLISE
Tucano deve chance a Marina e precisará de cada voto "verde" para vencer eleição
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
A eleição e principalmente
a apuração de 3 de outubro
de 2010 foram uma volta no
tempo. O processo, a dianteira do candidato do PT, as tendências detectadas pelo Datafolha e a definição do segundo turno nos dias finais
da campanha repetem em tudo a eleição de 2006.
Troquem-se os nomes de
Dilma Rousseff (PT) e de José
Serra (PSDB) por Luiz Inácio
Lula da Silva e Geraldo Alckmin, quatro anos atrás, e teremos um enredo e um resultado bastante parecidos.
Com o mesmo fecho: uma reversão de expectativas, depois de meses de "já ganhou"
do(a) favorito(a).
Em 2006, a mala de dinheiro dos "aloprados" petistas empurrou a vitória de
Lula para o segundo turno.
Em 2010, a descoberta de
uma central de nepotismo e
negociatas na Casa Civil sepultou a vitória de Dilma no
primeiro turno.
Se a história e o enredo se
repetirem, vai começar agora
o contra-ataque do PT e de
seus marqueteiros, que criaram com enorme sucesso nas
eleições passadas a boataria
de que Alckmin e os tucanos
iriam vender a Petrobras e o
Banco do Brasil.
Os boatos ganharam ares
de verdade e, no embate final, Lula aumentou de
48,61% no primeiro turno para 60,83% no segundo, e
Alckmin caiu de 41,64% para
39,17%. Encolheu.
O grande fator da eleição
de 2010 foi a transformação
do eterno candidato Lula no
principal eleitor, catapultando a neófita Dilma à condição de favorita.
Mas a grande novidade de
2010 foi e continua sendo outra: o surgimento de uma terceira via, com uma "onda
verde" que levou Marina Silva (PV) a surpreender. Cristovam Buarque (PDT) e principalmente Heloísa Helena
(PSOL) tentaram em 2006,
sem sucesso.
Serra e a oposição devem o
segundo turno a Marina e
vão precisar de cada voto
"verde" para ter chance no
dia 31, até porque Serra teve
cerca de 8 pontos menos que
Alckmin em 2006.
A reviravolta para o Senado em São Paulo, com a "zebra" Aloysio Nunes (PSDB)
chegando em primeiro, dá
uma boa sinalização: ele foi
dos raros candidatos no país
a tirar o governo FHC do limbo e badalar seus feitos. Isso
rompe certezas sobre o efeito
FHC na campanha.
Mas segundos turnos são
um embate entre dois candidatos e duas propostas, com
tempo igual na TV. É hora de
Dilma e Serra, cara a cara.
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