São Paulo, segunda-feira, 04 de outubro de 2010

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ANÁLISE

Vitória em SP consolida ações políticas de 4 gestões tucanas

HÉLIO SCHWARTSMAN
ARTICULISTA DA FOLHA

A vitória de Geraldo Alckmin em São Paulo consolida 20 anos de hegemonia tucana na mais rica e populosa unidade federativa. A menos que acreditemos que a maior parte dos paulistas são loucos, é forçoso concluir que algo de bom ocorreu sob as até aqui quatro gestões do PSDB.
O difícil, como sempre, é separar os pontos positivos que são resultado direto de políticas e ações adotadas pelo governo dos que são consequência de processos alheios à administração, que ocorreriam de qualquer jeito.
Para complicar um pouco mais as coisas, o que frequentemente ocorre é uma combinação dos dois.
Um bom exemplo dessa interação é a segurança pública. Exceto por soluços como os ataques patrocinados por uma organização criminosa em 2006, a situação está melhorando, com consistente redução de homicídios e outros crimes violentos ao longo da última década.
Parte desse efeito é explicado pelos pesados investimentos que os tucanos fizeram na segurança pública, tanto em nível de recursos humanos como de material.
A outra parte, talvez a mais importante, pode ser atribuída à demografia. Em todo o mundo, a esmagadora maioria dos crimes é cometida por homens de 17 a 30 anos.
À medida que o Brasil vai concluindo sua transição demográfica -processo que começou antes em SP- e a população envelhece, os índices de criminalidade caem. Esse mesmo fenômeno já foi verificado em vários países.
O elemento demográfico traz outras pistas para a hegemonia tucana. Mais adultos e menos crianças equivalem a mais renda e menos despesas, o que contribui para um "feel good factor" que vem beneficiando o PSDB. A crise da falta de energia (o apagão) que dizimou a popularidade dos tucanos no plano federal não foi percebida como um problema estadual.
De modo análogo, o próprio envelhecimento da população resulta num voto mais conservador. Em geral, são os jovens e os que sentem não estar avançando que arriscam votos heterodoxos.


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