São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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Marta confirma desistência, mas não dá apoio a Haddad

Pedido de Lula para deixar corrida à prefeitura foi 'irrecusável', diz senadora

Petista afirma que vai pedir voto para quem o partido escolher; aliados se antecipam e já aderem ao ministro

Adriano Vizoni/Folhapress
A senadora Marta Suplicy, durante anúncio oficial da retirada da candidatura à Prefeitura de São Paulo, na sede do PT, no centro de SP

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

A senadora Marta Suplicy confirmou ontem que cedeu à pressão do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff e está fora da disputa pela chapa do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Ela disse que o pedido para desistir foi "irrecusável", mas evitou declarar apoio ao ministro da Educação, Fernando Haddad, como Lula desejava. Afirmou que vai esperar que o partido oficialize a escolha do candidato para só então se mexer a seu favor.
"O processo não está terminado. Então vou me resguardar", disse a senadora. "Acredito que a candidatura do partido é a que eu irei apoiar. Tudo o que eu quero neste momento é que o PT volte à prefeitura. Vou me esforçar o máximo que puder."
Marta afirmou que "tudo indica" que o ministro será o escolhido, mas avisou não estar disposta a negociar agora com ele ou com os outros três pré-candidatos que ainda insistem em enfrentá-lo.
"Não estou conversando e não vou conversar. Tenho que ver como eles vão se posicionar, se vai ter prévia, como vai ser. Não adianta pôr a carroça na frente dos bois."
Os aliados que ainda sustentavam a senadora não pensaram o mesmo. Pouco depois do anúncio, o grupo se reuniu para selar a mudança de lado, como a Folha antecipou ontem. A adesão será festejada amanhã em almoço com o ministro numa churrascaria nos Jardins, bairro nobre na zona oeste de São Paulo.
"Agora vamos de Haddad", proclamou o deputado estadual João Antonio.

DISCURSO
Marta tentou dar caráter solene ao anúncio de sua desistência, na sede nacional do PT. Com frases bem estudadas, ela se esforçou para não demonstrar mágoa com o boicote que sofreu no partido, mas deixou claro que desistiu contra sua vontade.
"Eu queria muito. Tinha muita vontade de voltar a ser prefeita da minha cidade."
Após desafiar a cúpula do PT meses a fio, ela se apresentou como uma militante obediente e prometeu voltar ao Senado "como um soldado".
"Não poderia dizer não como petista. É de coração que estou saindo, porque um pedido dos dois [Lula e Dilma] para mim é irrecusável."
A senadora disse que seu perfil "combativo" poderia "estraçalhar a militância". "A gente sairia, não importa quem ganhasse, com o partido absolutamente rachado, sem unidade, impossibilitado de ganhar a eleição."
Marta evitou mencionar a doença de Lula, mas disse ter ficado "muito sensibilizada" ao comunicar sua desistência a Dilma, na segunda-feira. Sobre a declaração de que o ex-presidente só escolheria Haddad se "não quisesse ganhar", em agosto, afirmou:
"Eu não me arrependo de nada. A frase era perfeita no momento. Estava no embate para conseguir ser eu, ou que ele desistisse da ideia [de apoiar o ministro]".


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