São Paulo, sexta-feira, 04 de novembro de 2011

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Investigado, Agnelo troca cúpula da Polícia Civil

Governador do Distrito Federal demitiu 43 delegados e sete diretores do órgão

Áudios da corporação ligam governador a escândalos no Esporte, mas ele nega relação com as demissões

DE BRASÍLIA

O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), demitiu ontem 43 delegados-chefes e sete diretores de departamentos da Polícia Civil.
A exoneração na cúpula da polícia ocorre no momento em que são revelados detalhes de uma investigação que liga o governador ao policial militar João Dias Ferreira, pivô das denúncias de corrupção no Ministério do Esporte.
Agnelo foi o titular da pasta de 2003 a 2006, época em que convênios feitos entre ONGs comandadas por Ferreira e o ministério do Esporte começaram a ser firmados.
Os atos sobre as demissões foram publicados no "Diário Oficial do Distrito Federal". Também houve mudança na direção-geral da polícia.
As exonerações foram concretizadas após o vazamento de áudios e informações da Operação Shaolin, da Polícia Civil, que apurou irregularidades nos repasses do programa Segundo Tempo.
Em alguns dos áudios, Agnelo conversa com Ferreira, delator do suposto esquema e um dos presos na operação da Polícia Civil, por desvio de verbas de convênios.
Uma das gravações, divulgada pela "TV Globo", mostra João Dias pedindo ajuda para Agnelo para resolver suas pendências na prestação de contas com o Esporte. Os diálogos foram gravados com autorização judicial entre fevereiro e março de 2010.
"E aí, doutor, como está o sr.? Beleza?", diz Dias a Agnelo, que responde: "Ô, meu mestre, tudo bem?" Dias, então, diz que precisa apresentar sua defesa. "Sexta-feira eu tenho que apresentar o negócio lá, entendeu?". As irregularidades apontadas na pasta, delatadas por João Dias Ferreira, resultaram na saída de Orlando Silva (PC do B) do Esporte. Mas detalhes da investigação também ligaram Agnelo, seu antecessor no cargo, ao suposto esquema.
Para o presidente do Sindicato dos Policiais Civis do DF, Ciro José de Freitas, as mudanças são meramente administrativas. Ele não vê relação com o vazamento dos áudios.

OUTRO LADO
O governo do DF nega que as mudanças na polícia tenham a ver com a divulgação das gravações. Diz que elas são "ajustes naturais" do governo.
Reportagens das revistas "Época" e "IstoÉ" citam processo que corre na 10ª Vara Federal, em Brasília, que teria Agnelo como investigado.
O processo corre em segredo de Justiça. A assessoria do governador, porém, afirma que o Ministério Público decidiu não indiciar Agnelo.
A assessoria diz que o governador foi alvo de uma campanha em 2010 que "que teve lances baixos" para associar seu nome "a falsas condutas".


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