São Paulo, quarta-feira, 05 de janeiro de 2011

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Dilma chama ministro para explicar fala sobre ditadura

Ao tomar posse, general disse que país não deve ter vergonha por desaparecidos

Torturada na ditadura, presidente não gostou da declaração; general teria dito que foi mal interpretado por jornais

SIMONE IGLESIAS
BRENO COSTA
DE BRASÍLIA

As manifestações do novo chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) da Presidência, general José Elito Siqueira, criaram mal-estar ontem, no Palácio do Planalto, segundo a Folha apurou. A presidente Dilma Rousseff chamou Elito em seu gabinete na noite de ontem para pedir explicações.
No dia de sua posse, Elito Siqueira se posicionou contra a criação da Comissão da Verdade e disse que os desaparecidos políticos são um "fato histórico" do qual "nós não temos que nos envergonhar ou vangloriar".
Segundo o projeto enviado pelo governo, a Comissão da Verdade terá a "finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos" durante a ditadura.
Durante o dia, a presidente fez chegar ao general sua insatisfação com as declarações, já que o governo Lula enviou no ano passado projeto de lei ao Congresso Nacional em apoio ao órgão.
A Folha apurou que Elito disse a Dilma que foi "mal compreendido" pelos jornalistas durante a entrevista e que as reportagens não retrataram o que ele disse.
Dilma não gostou da manifestação do general que é claramente contrária à posição de seu governo e do antecessor. Dilma era ministra da Casa Civil quando o projeto de lei da Comissão da Verdade foi formatado.
O vice-presidente Michel Temer minimizou os comentários de Elito. Questionado se não era contraditório a presidente, torturada durante a ditadura, ter como subordinado próximo um general contrário a investigações sobre episódios de tortura no regime militar, Temer disse que a pergunta deveria ser feita à própria presidente.
"Acho que é a opinião dele, né? Não vou me manifestar a respeito da opinião dele", disse o vice de Dilma.
O ministro Nelson Jobim (Defesa), sem se referir especificamente ao general, limitou-se a dizer que a posição do governo é pela criação da Comissão da Verdade, nos termos do projeto de lei enviado pelo Executivo ao Congresso em maio passado.
A nova ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, afirmou, via assessoria, que seu posicionamento sobre o assunto é público e foi exposto em seu discurso de posse, anteontem.


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