São Paulo, sábado, 05 de fevereiro de 2011

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Com mínimo indefinido, centrais ameaçam governo

Sem acordo, sindicalistas falam em romper negociação e brigar por R$ 580

Governo não abre mão do salário mínimo de R$ 545; disputa será o primeiro teste de Dilma Rousseff no Congresso

DANIELA LIMA
DE SÃO PAULO

Após mais uma reunião frustada com o governo em busca do novo valor do salário mínimo, as centrais sindicais ameaçaram radicalizar ou mesmo romper as negociações com o Planalto.
Sindicalistas acusaram ainda a presidente Dilma de não adotar a política de valorização salarial implementada por seu antecessor, Lula.
Os ataques ocorreram depois de três horas de discussão, em São Paulo, sobre o novo piso nacional. O governo não abre mão de R$ 545, enquanto os sindicalistas pressionam por R$ 580.
Na mesa de negociação estavam os ministros Guido Mantega (Fazenda), Carlos Lupi (Trabalho) e Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência), ao lado de dirigentes de seis entidades ligadas aos trabalhadores.
"Ela [Dilma] tem duas opções: ou faz um acordo com a gente, e defendemos a proposta no Congresso, ou manda como quiser e aí cada um vai defender as suas posições", disse o presidente da Força Sindical, deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP).
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) também aumentou o tom. "Se eles [governo] não aumentarem o deles [R$ 545], nós não abaixamos o nosso [R$ 580]", disse o presidente da central.
Diante do impasse, o governo já admite a possibilidade de enviar uma proposta para o Congresso, mesmo sem entendimento.
Um embate na Câmara e no Senado preocupa a equipe de Dilma. A oposição, com PSDB, PPS e DEM à frente, defende R$ 600 para o mínimo, bandeira de José Serra (PSDB) durante a campanha.
Com um racha na base do governo e sem o apoio das centrais sindicais, o Executivo teria trabalho para manter o reajuste em R$ 545 ou, no máximo, R$ 550.
Ontem, durante a reunião, segundo relato à Folha de alguns dos presentes, sindicalistas chamaram o Congresso de "cassino" e perguntaram aos ministros se era preferível negociar com as centrais ou com os parlamentares.
Depois do encontro, compararam Dilma ao ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso (95-02).
"Essa postura de arrocho nos incomoda. Foi essa a política que não deu certo no governo Fernando Henrique. É o contrário da política do governo Lula", disse o presidente da Força Sindical.
Apesar da pressão, os ministros disseram que o valor será mantido em R$ 545.
"A preocupação social [de Dilma] não é menor nem diferente do que foi no governo do presidente Lula", respondeu Gilberto Carvalho.
Mantega ficou irritado na reunião, em especial quando os sindicalistas insinuaram que o ministro trabalha para impor uma visão mercadológica ao reajuste do mínimo.
Mantega respondeu que não há diferença entre os governos Dilma e Lula e afirmou que as centrais estão quebrando acordo firmado com o governo em 2007.
O acordo, ainda informal, mas que o governo pretende transformar em lei, estabelece um reajuste anual do mínimo baseado na inflação, mais a variação do PIB de dois exercícios anteriores.
O governo também disse estar disposto a contemplar a revisão da tabela do imposto de renda e criação de política salarial para os aposentados.


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