São Paulo, quinta-feira, 05 de maio de 2011

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Dilma tira 3 milhões de meta antipobreza

Na campanha, petista prometeu beneficiar 19,6 milhões de pessoas; no governo, número caiu para 16,2 milhões

Presidente hoje adota a definição do Banco Mundial, mas em 2010 usava o critério do Ipea para definir a miséria

RANIER BRAGON
JOÃO CARLOS MAGALHÃES

DE BRASÍLIA

A meta do plano de Dilma Rousseff para erradicar a miséria foi desidratada entre a eleição, quando era uma promessa, e anteontem, ao ter seu público-alvo anunciado.
Em discursos e entrevistas na campanha, a então candidata falava que trabalharia para "resgatar" da pobreza extrema ao menos 3,4 milhões de pessoas a mais do que agora -19,6 milhões na época contra os 16,2 milhões anunciados anteontem.
Na eleição, Dilma adotava o critério de que miserável é quem tem renda de até um quarto de salário mínimo ao mês: R$ 136,25 em valores atuais. Já o programa oficial de governo trabalhará com a linha mais baixa -R$ 70.
"Miserável é quem tem renda de até um quarto do salário mínimo. (...) Então, a gente tem de buscar eliminar esses 19,6 milhões de miseráveis", dizia a então presidenciável em junho de 2010.
No mesmo mês, reiterou a promessa na convenção do aliado PRB: "Nós temos essa missão de eliminar os 19 milhões que vivem com menos de um quarto do salário mínimo per capita. Não eliminar os brasileiros, eliminar a pobreza dos brasileiros".
Já empossada, o discurso mudou: "Não acredito que o Brasil será um país rico se houver esses milhões de brasileiros que nós temos abaixo do que nós consideramos a linha de corte da pobreza, que são os R$ 70 per capita", disse em março, em Portugal.
Na campanha, Dilma chegou a manifestar a necessidade de estabelecer como meta a erradicação (não apenas em seu mandato) de todos os tipos de pobreza, elevando toda a população desse estrato à classe média.
"Nosso objetivo é que o Brasil seja, no mínimo, de classe média, e que a gente chegue a essa combinação de 100% se você somar classe A, B e C", afirmou, por exemplo, em discurso a empresários em maio de 2010.
Anteontem, o MDS (Ministério do Desenvolvimento Social) anunciou oficialmente os R$ 70 per capita como corte para definir os potenciais beneficiários do "Brasil sem Miséria" -totalizando 16,2 milhões de pessoas.
O Planalto não comentou a mudança no discurso. O MDS disse que sua linha de miséria, próxima da adotada pelo Banco Mundial (US$ 1,25/dia), foi definida por critérios técnicos que levaram em conta o preço de alimentos em diferentes regiões.
Pesquisadores usam vários critérios para definir a miséria. O que considera um quarto do salário mínimo é usado em um estudo do Ipea, ligado à Presidência.


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