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Dilma tira 3 milhões de meta antipobreza
Na campanha, petista prometeu beneficiar 19,6 milhões de pessoas; no governo, número caiu para 16,2 milhões
Presidente hoje adota
a definição do Banco Mundial, mas em 2010 usava o critério do Ipea para definir a miséria
RANIER BRAGON
JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DE BRASÍLIA
A meta do plano de Dilma
Rousseff para erradicar a miséria foi desidratada entre a
eleição, quando era uma promessa, e anteontem, ao ter
seu público-alvo anunciado.
Em discursos e entrevistas
na campanha, a então candidata falava que trabalharia
para "resgatar" da pobreza
extrema ao menos 3,4 milhões de pessoas a mais do
que agora -19,6 milhões na
época contra os 16,2 milhões
anunciados anteontem.
Na eleição, Dilma adotava
o critério de que miserável é
quem tem renda de até um
quarto de salário mínimo ao
mês: R$ 136,25 em valores
atuais. Já o programa oficial
de governo trabalhará com a
linha mais baixa -R$ 70.
"Miserável é quem tem
renda de até um quarto do salário mínimo. (...) Então, a
gente tem de buscar eliminar
esses 19,6 milhões de miseráveis", dizia a então presidenciável em junho de 2010.
No mesmo mês, reiterou a
promessa na convenção do
aliado PRB: "Nós temos essa
missão de eliminar os 19 milhões que vivem com menos
de um quarto do salário mínimo per capita. Não eliminar
os brasileiros, eliminar a pobreza dos brasileiros".
Já empossada, o discurso
mudou: "Não acredito que o
Brasil será um país rico se
houver esses milhões de brasileiros que nós temos abaixo
do que nós consideramos a
linha de corte da pobreza,
que são os R$ 70 per capita",
disse em março, em Portugal.
Na campanha, Dilma chegou a manifestar a necessidade de estabelecer como
meta a erradicação (não apenas em seu mandato) de todos os tipos de pobreza, elevando toda a população desse estrato à classe média.
"Nosso objetivo é que o
Brasil seja, no mínimo, de
classe média, e que a gente
chegue a essa combinação
de 100% se você somar classe A, B e C", afirmou, por
exemplo, em discurso a empresários em maio de 2010.
Anteontem, o MDS (Ministério do Desenvolvimento
Social) anunciou oficialmente os R$ 70 per capita como
corte para definir os potenciais beneficiários do "Brasil
sem Miséria" -totalizando
16,2 milhões de pessoas.
O Planalto não comentou
a mudança no discurso. O
MDS disse que sua linha de
miséria, próxima da adotada
pelo Banco Mundial (US$
1,25/dia), foi definida por critérios técnicos que levaram
em conta o preço de alimentos em diferentes regiões.
Pesquisadores usam vários critérios para definir a
miséria. O que considera um
quarto do salário mínimo é
usado em um estudo do Ipea,
ligado à Presidência.
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