São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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Escândalo aborta plano eleitoral de Palocci para 2014

Antes da revelação de seu enriquecimento, projeto do ministro era se candidatar a governador de São Paulo

Titular da Casa Civil se calou à espera de que noticiário esfriasse, mas foi obrigado a rever estratégia de defesa


NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

"Era só o que faltava. Não bastassem os ataques da oposição, agora o tiro de canhão veio de dentro do próprio governo", relatou Antonio Palocci em livro. A frase é de 2006, mas poderia ser facilmente reeditada hoje.
Na época, o então ministro da Fazenda estava cotado para suceder a Lula em 2010, mas viu os planos serem dinamitados por um caseiro de Brasília. Narrou sua queda no livro "Sobre Formigas e Cigarras" (ed. Objetiva), publicado no ano seguinte à sua renúncia.
Palocci pavimentou o caminho de volta ao poder com a bênção de Lula, tornando-se o principal coordenador da campanha de Dilma. Com a vitória, reabilitou-se assumindo a gerência política e administrativa do governo.
Novo golpe veio em 15 de maio, quando a Folha revelou que seu patrimônio se multiplicou por 20 vezes nos últimos quatro anos, quando era deputado federal.
Dias depois, a Folha revelou também que a empresa do ministro da Casa Civil, a Projeto, faturou R$ 20 milhões no ano eleitoral de 2010, prestando serviços de consultoria. Os clientes e os valores não foram revelados nas entrevistas que concedeu anteontem.
Sem conseguir dissipar as suspeitas sobre seus negócios, o ministro perdeu apoio entre petistas e viu ruir, pela segunda vez, seus planos eleitorais.
Caso fizesse uma boa gestão na Casa Civil, o ex-prefeito de Ribeirão Preto estaria cacifado para tentar o governo paulista, com sob o comando do PSDB há 16 anos.
Apesar da resistência no PT, Palocci contava com o apoio decisivo de Lula, que via nele o perfil ideal para que o partido conquistasse o eleitorado de classe média.
Além disso, o ministro tem bom trânsito no meio empresarial. Nos anos à frente da Fazenda, fundou a imagem de pilar da estabilidade macroeconômica.

SILÊNCIO
Em 2006, a quebra de sigilo do caseiro Francenildo da Costa afastou o então titular da Fazenda da sucessão.
O caseiro testemunhou ter visto Palocci frequentar uma mansão em Brasília usada por lobistas para fazer negócios e promover festas. Palocci diz que nunca frequentou o local e que não foi responsável pela quebra de sigilo.
Entre o depoimento de Francenildo e a renúncia, passaram-se 13 dias.
Na crise atual, que dura 21 dias, o ministro apostou no silêncio, na esperança de que o noticiário esfriasse. Na última quinta, mostrava-se abatido e, segundo colegas, já constatava que a estratégia de não falar durante tanto tempo revelou-se perigosa.


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