São Paulo, domingo, 05 de junho de 2011

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cotidiano em cima da hora

Rio abafa motim e prende 439 bombeiros

Tiros foram disparados; comandante da PM diz que havia armas com manifestantes que invadiram quartel anteontem

Policiais presos podem responder pelos crimes militares de invasão de órgão público, agressão a oficial e desobediência


MARCO ANTÔNIO MARTINS
ELVIRA LOBATO

DO RIO

A Polícia Militar do Rio prendeu ontem pela manhã 439 bombeiros que ocuparam o Quartel Central do Corpo de Bombeiros, no centro do Rio, anteontem à noite.
Após as prisões, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Pedro Marco Machado, foi exonerado.
Eles reivindicam aumento do piso salarial de R$ 950 para R$ 2.000, gratificações iguais as dos policiais do Bope e do Choque e melhores condições de trabalho.
A retomada do quartel pelo Bope aconteceu às 6h05. Bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo foram usadas. Tiros foram ouvidos.
De acordo com o comandante da PM, coronel Mario Sérgio Duarte, os tiros seriam de pistola, disparados por bombeiros armados. Ele admitiu que o Bope entrou com armas letais no quartel.
Segundo ele, a decisão foi tomada em razão da informação de que havia manifestantes armados. De acordo com o coronel, um bombeiro foi preso com uma pistola. Bombeiros dizem que tiros de fuzil foram disparados.
Na tentativa de impedir a entrada do Bope, os manifestantes ligaram mangueiras de água, com forte pressão. Houve luta corporal. Bombeiros mostravam para os jornalistas ferimentos causados por cassetetes.
Uma criança de dois anos foi atendida no hospital Souza Aguiar, no centro, por ter inalado gás, mas foi logo liberada. O coronel da PM Waldir Soares, comandante do Batalhão de Choque, quebrou a mão e feriu o joelho.
No final da manhã, o grupo foi transferido para a Corregedoria da PM, em São Gonçalo. Eles podem responder pelos crimes militares de invasão de órgão público, agressão a oficial e desobediência à conduta militar.
Bombeiros ouvidos pela Folha afirmam que as prisões levarão a novos atos durante a semana. Ontem à tarde, um grupo fez uma manifestação em Campo Grande, zona oeste.
A Folha telefonou para vários quartéis da cidade. Em todos, foi informada que estava em andamento uma operação padrão -só sairiam dos quartéis para atender situações graves.
No final da tarde, um sobrado na Lapa pegou fogo. Bombeiros foram ao local e controlaram o incêndio

BOMBEIROS ARMADOS
A retomada do quartel aconteceu após quase 12 horas de ocupação por cerca de 2.000 pessoas, entre bombeiros e familiares -muitas mulheres e crianças estavam entre os invasores.
O coronel Duarte, que chegou ao quartel por volta das 21h de sexta-feira, passou parte da madrugada tentando negociar com os manifestantes. Por volta das 3h, ele subiu em um carro dos bombeiros, no pátio do quartel, e pediu "bom senso".
Em resposta, o cabo Benevenuto Dalciolo, um dos líderes do movimento, disse que a manifestação era pacífica, mas afirmou que havia 50 homens armados no pátio.
A defasagem entre os salários dos bombeiros e dos policiais militares vem desde 2000, no governo de Anthony Garotinho, quando a corporação foi transferida da Secretaria de Segurança para a Defesa Civil. Perderam assim as gratificações que os policiais obtiveram durante este período.


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