São Paulo, domingo, 05 de setembro de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Justiça pode reabrir caso Toninho do PT

Nove anos após o assassinato do então prefeito de Campinas, investigações sobre o crime devem ser retomadas

Versões de Ministério Público e Polícia Civil são diferentes; família do político pede entrada da PF nas investigações

MAURÍCIO SIMIONATO
DE CAMPINAS

Às vésperas de completar nove anos do assassinato do prefeito de Campinas (93 km de São Paulo) Antonio da Costa Santos -o Toninho do PT- o juiz do caso, José Henrique Torres, encaminhará nesta semana um ofício à Delegacia Seccional de Campinas para determinar a reabertura das investigações.
"Agora, o processo inteiro será encaminhado para o delegado seccional [José Carneiro de Campos Rolim Neto] para dar prosseguimento nas investigações. Cabe ao Ministério Público acompanhar", disse o juiz à Folha.
O processo do caso tramitou no Tribunal de Justiça de São Paulo durante um ano e meio e retornou ao Fórum de Campinas no mês passado.

O CRIME
Toninho foi morto na noite de 10 de setembro de 2001, em Campinas, atingido por três tiros. A arma do crime -uma pistola nove milímetros- nunca foi encontrada.
Para sua família, o crime foi político e teve mandante.
Em setembro de 2007, Torres rejeitou denúncia dos promotores, que pediam que Wanderson Nilton de Paula Lima, o Andinho, fosse levado a júri popular como coautor do crime. Os indícios contra ele, segundo o juiz, eram "frágeis, inseguros, contraditórios e contrariados".
Preso e condenado a mais de 400 anos de prisão por diversos crimes, Andinho sempre negou envolvimento na morte do prefeito petista.
Na denúncia, o Ministério Público afirmou que Andinho e outros três foram os autores dos disparos contra Toninho, mas não apresentou motivação para o crime.

POLÍCIA
Já na versão da Polícia Civil, Toninho foi morto pela quadrilha de Andinho, que fugia após tentativa de sequestro. Diz a polícia que Toninho atrapalhou a fuga.
Dos quatro acusados, apenas Andinho continua vivo. A ONG "Quem Matou Toninho?" prepara para sexta-feira uma homenagem ao prefeito. Em carta aberta, a ONG afirmou que "questões políticas e de contrariedade de interesses nunca foram devidamente investigadas".
"Tenho certeza de que foi um crime político. Meu pai sempre dizia que não tinha o rabo preso com ninguém. Ele era uma exceção", disse a filha de Toninho, Marina Garcia Costa Santos, 23.
A viúva do prefeito, Roseana Garcia, já pediu três vezes ao Ministério da Justiça a entrada da PF nas investigações. Um pedido de federalização das investigações aguarda um parecer da Procuradoria-Geral da República há dois anos e dois meses.
Na sexta-feira, a Procuradoria informou à Folha, por meio de sua assessoria de imprensa, que o pedido continua "sob análise".


Texto Anterior: Janio de Freitas: Eleições criminais
Próximo Texto: Concurso da Abin barra candidatos que tenham micose
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.