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Emprego e nativismo sustentam idolatria a Lula em Pernambuco
Investimentos em Suape e no sertão e volta às origens movem popularidade recorde no país
Aliado incondicional do
governador Eduardo Campos, presidente
quase dobrou visitas ao
Estado no 2º mandato
FABIO VICTOR
ENVIADO ESPECIAL A PERNAMBUCO
Às margens da rodovia estadual PE-60, numa região
próxima a Recife dominada
secularmente pela monocultura da cana, foi inaugurado
no fim do ano passado um
shopping center.
Os canaviais ainda sobressaem na paisagem, mas cedem cada vez mais espaço a
máquinas pesadas.
Entre Cabo de Santo Agostinho, a cidade do shopping,
e Ipojuca, alguns quilômetros adiante na estrada, está
o complexo industrial de
Suape, em torno do porto homônimo, onde grandes obras
-como a refinaria Abreu e Lima- e a instalação de empresas -estaleiro Atlântico
Sul, Petroquímica Suape, um
moinho da Bunge, entre outras- aquecem a economia e
geram cerca de 30 mil empregos diretos.
Em 2009, apesar do refluxo da crise, o número de postos de trabalho em Pernambuco cresceu 4,85% (56%
acima da média nacional).
Graças principalmente ao
polo de Suape e a obras na região de Salgueiro, no Sertão,
continua a crescer.
Silvânia Paz, 26, ensino
médio completo, trabalha
numa loja de roupa masculina do tal shopping no Cabo.
Recebe um salário mínimo
mais comissão, cerca de R$
800 mensais, 60% a mais do
que na ocupação anterior,
numa farmácia. Todos os parentes estão empregados.
No outro corredor, Zuleide
Laurentino, 21, conseguiu
seu primeiro trabalho com
carteira assinada, como vendedora numa loja de sapatos.
Mais que a bonança, as
une o culto ao presidente Lula, a quem atribuem a arrancada do lugar.
LABORATÓRIO
A região é um laboratório
da popularidade de Lula em
Pernambuco, Estado em que
seu governo bate recorde de
aprovação (88%, segundo
pesquisa Datafolha).
"Antes, na entressafra da
cana, era todo mundo desempregado. O povo aqui
tem quase a obrigação de votar em Dilma, por tudo que
Lula trouxe para cá. Gosto de
Marina, mas tô com Dilma só
por ele", disse Genivaldo José da Silva, dono de uma venda no centro de Ipojuca.
Na praia de Suape, o barqueiro lulista Adélson Porfírio de Souza, 34, diz que não
vota em José Serra (PSDB),
que "quer acabar com o Bolsa Família". Seus parentes
trabalham no novo estaleiro,
sua mulher recebe o benefício (dois filhos na escola) e
ele sobrevive do turismo.
NATIVISMO
Se a economia e a geração
de empregos são a explicação mais evidente para o lulismo no Estado, há fatores
bem menos palpáveis.
Questionados a respeito, o
governador Eduardo Campos (PSB), candidato à reeleição, e seu adversário Jarbas
Vasconcelos (PMDB) apontam de bate-pronto o fato de
Lula ser pernambucano.
Pode parecer retórica,
diante do fato de que o presidente saiu menino de lá e fez
a vida em São Paulo.
Mas, num Estado onde o
nativismo é herança do século 17, onde a população sabe
cantar o hino estadual e ostenta como pode sua bandeira, não é simples assim.
Ao afinar-se com Campos,
Lula também promoveu uma
volta às origens. Em seu primeiro mandato, com Jarbas
no governo estadual, fez 14
visitas oficiais ao Estado.
No segundo mandato,
com o aliado no cargo, Lula
quase dobrou as visitas: foi
23 vezes a Pernambuco. Só
neste ano já foram sete visitas -é o terceiro Estado mais
visitado, só perdendo para
São Paulo e Rio de Janeiro.
Em agosto, estudantes de
uma escola técnica de Pesqueira (a 209 km de Recife)
viajaram 300 km no sertão
até Salgueiro só para ver de
perto o presidente, que foi à
cidade visitar obras e inaugurar outra escola técnica.
"Para nós, ele é quase um
parente", disse o estudante
Guilherme Diniz, 18. "O fato
de ele ser de Caetés faz o pernambucano gostar ainda
mais dele", afirmou. "Lula
viveu na região e conhece
bem o sertanejo. Ele é um caso de superação, do nordestino que batalhou e venceu. É
um exemplo para nós."
Colaborou FABIO GUIBU , de Recife
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