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PF investiga uso de R$ 1,8 mi em RR para compra de votos
Polícia nega que ação tenha sido dirigida; senador Jucá contesta acusações
Superintendente da PF no Estado diz que "aqui quem ganha eleição
é quem tem dinheiro para comprar voto"
KÁTIA BRASIL
ENVIADA ESPECIAL A BOA VISTA (RR)
A Polícia Federal em Roraima investiga a origem e o
destino de mais de R$ 1,8 milhão apreendidos sob suspeita de compra de votos no período eleitoral no Estado.
Desse total, R$ 1,1 milhão
tem relação direta, segundo
a polícia, com o candidato
reeleito Romero Jucá, líder
do governo no Senado.
A PF suspeita que esse dinheiro venha de "contratos e
licitações para as áreas da
saúde e infraestrutura desviados para a campanha".
"Aqui quem ganha eleição
é quem tem dinheiro para
comprar voto. A verdade é essa, eu não vou esconder", diz
o superintendente da PF em
Roraima, Herbert Gasparini.
Segundo a PF, da quantia
de R$ 1,1 milhão, foram liberados R$ 910 mil porque o senador comprovou o destino.
O dinheiro seria para gastos
com as campanhas dele, da
deputada federal eleita Teresa Jucá (PMDB), sua ex-mulher, e do deputado estadual
eleito Rodrigo Menezes Jucá
(PMDB), seu filho. Todos negam as acusações da PF.
A polícia ainda investiga
qual é origem desses R$ 910
mil. A PF suspeita de crimes
de corrupção eleitoral, abuso
do poder econômico. Se forem comprovados, podem
resultar na inelegibilidade de
Jucá. "O vínculo maior do dinheiro apreendido é com o
senador [Jucá], disse.
Segundo ele, a PF vai fazer
um cruzamento de informações para checar os dados.
"Nós mostramos, inclusive,
que contratos apresentados
por eles são de pessoas que
dizem que não trabalharam
na campanha dos candidatos", afirma o delegado.
Desses R$, 1,1 milhão, a
primeira apreensão relacionada a Jucá aconteceu na semana passada. Foram R$ 80
mil com um dos coordenadores da Jucá. Outros R$ 110 mil
estavam uma coordenador
da campanha de Teresa Jucá.
Na sexta, antevéspera das
eleições, a PF fiscalizou uma
transportadora de valores e
encontrou R$ 800 mil. O carro-forte com o dinheiro foi levado à sede da polícia.
De acordo com Gasparini,
Jucá contratou a a transportadora de valores desses R$
800 mil apreendidos.
"Eu queria que ficasse claro que não é uma ação dirigida: nós fizemos uma investigação de inteligência e tivemos êxito. Os R$ 80 mil estão
retidos até hoje e eram dele
[Jucá]", disse o delegado.
Na antevéspera das eleições, após sair do escritório
de Jucá, o empresário Amarildo Freitas teve o carro interceptado por agentes da
PF. Perseguido pelos policiais, ele relatou ter se assustado e jogou pela janela do
carro R$ 100 mil dentro de
um pacote. Em depoimento,
ele diz que recebeu o dinheiro das mãos do senador.
"No depoimento dele
[Freitas] ficou claro que ele
recebeu o pacote da mão do
senador Jucá e do filho dele,
Rodrigo Jucá. As provas são
inquestionáveis", afirmou.
O superintendente da PF
disse que, após o episódio,
Jucá compareceu à sede da
polícia. "Ele estava muito
exaltado por causa da fiscalização. O que eu disse a ele? O
senhor vai sair daqui com
uma certeza: a Polícia Federal vai continuar fiscalizando
quem quer que seja", disse.
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