|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros
PRESIDENTE 40 ELEIÇÕES 2010
PT estuda tirar aborto de programa para estancar queda de Dilma entre religiosos
Petistas associam Serra a pílula do dia seguinte, cujo uso foi aprovado antes dele e é condenado pela igreja
Candidata vê demora
em perceber a onda de boatos entre religiões; aliada alerta que tema pode custar Presidência
Marlene Bergamo/Folhapress
|
|
Dilma ladeada por José Eduardo Dutra e Marta Suplicy durante encontro com aliados que discutiu tática para o 2º turno
DE BRASÍLIA
DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA
Acuado pela perda de votos de evangélicos na reta final do primeiro turno, o PT
ensaia deixar de lado a defesa programática da descriminalização do aborto e já planeja retirar a proposta do
programa do partido, aprovado em congresso.
A medida deve ser discutida em reunião da Executiva
do PT, como forma de responder aos rumores contra a
candidata à Presidência, Dilma Rousseff, apontados como o principal motivo para o
crescimento de Marina Silva
(PV), contrária à legalização
do aborto, e a consequente
ida da disputa presidencial
ao segundo turno.
O primeiro contra-ataque
partiu do secretário de Comunicação do PT, André Vargas. "O Brasil verdadeiramente cristão não votará em
quem introduziu a pílula do
dia seguinte, que na prática
estimula milhões de abortos:
Serra", disse em seu Twitter.
A pílula do dia seguinte é
um dos métodos contraceptivos criticado pela Igreja Católica e distribuída pelo Ministério de Saúde. Diferentemente do que Vargas sugere,
sua adoção foi decidida antes de o tucano José Serra, rival de Dilma no segundo turno, ser titular da pasta.
O secretário de Comunicação do PT defende ainda o
isolamento da ala do partido
pró-legalização. "Agora é hora de envolver mais dirigentes na campanha. Foi um erro ser pautado internamente
por algumas feministas. Eu e
outros fomos contra".
Um dos coordenadores da
campanha de Dilma, José
Eduardo Cardozo, reconhece
que a resolução do PT, pró-descriminalização do aborto,
não é unânime no partido e
não é a posição de Dilma.
Antes de ser candidata,
Dilma defendia abertamente
a descriminalização da prática -o fez, por exemplo, em
sabatina na Folha em 2007 e
em entrevista em 2009 à revista "Marie Claire".
Depois, ao longo da campanha, disse que pessoalmente era contra a proposta.
Hoje, diz que repassará a discussão ao Congresso.
O tema se tornou tão incômodo que ontem, ao "Jornal
Nacional", Dilma o citou
mesmo sem ter sido questionada (ela teve um minuto e
meio para "dar uma mensagem aos eleitores").
"Eu tenho uma proposta
de valores. Um princípio nosso de valorizar a vida em todas as suas dimensões".
A senadora eleita Gleisi
Hoffmann (PT-PR) afirmou
que a defesa da descriminalização do aborto pode até ser
defendida por algumas alas
do partido, mas pode "custar
a Presidência da República".
Já o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), puxador de
votos evangélicos, disse que
chegou a perder votos porque defendia Dilma, que "erroneamente" era associada a
afirmações anticristãs.
Além do PT, o PMDB também defende uma ação para
combater a associação de
Dilma ao tema aborto, que virou onda de e-mails e comentários em meios religiosos.
Os peemedebistas querem
que a candidata divulgue,
enfim, um programa de governo deixando claro ser
contra a legalização.
Ontem, Dilma reconheceu
que a campanha percebeu
muito tarde a onda associando seu nome ao tema do
aborto e a uma fala, que ela
não disse, de que nem Jesus
Cristo tiraria dela a vitória.
Sobre a presença do presidente Lula na campanha,
Dilma não precisou seu papel. "O presidente Lula a gente não pode falar em dose, ele
não é o remédio é solução",
disse.
Texto Anterior: Mídia: Designer dará aula amanhã sobre o novo projeto gráfico da Folha
Próximo Texto: CNBB promove campanha em "defesa da vida" Índice | Comunicar Erros
|