São Paulo, quarta-feira, 05 de outubro de 2011

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FOCO

Em dia de popstar na CUT, Delúbio dá autógrafos e CDs com músicas e artigos

Central sindical ligada ao PT expulsa jornalistas de encontro em defesa do ex-tesoureiro, acusado de operar o mensalão

Adriano Vizoni/Folhapress
O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares autografa CD interativo que lançou ontem em SP

BERNARDO MELLO FRANCO
DE SÃO PAULO

Sorrisos, abraços, filas de autógrafo, pedidos de foto.
Com tratamento de popstar, o ex-tesoureiro petista Delúbio Soares, 55, lançou ontem uma campanha para tentar mobilizar sindicalistas e militantes em sua defesa no processo do mensalão.
Ele é apontado pelo Ministério Público como o operador do esquema. Se for condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal), pode pegar até 111 anos de prisão pelos supostos crimes de formação de quadrilha, corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Delúbio foi homenageado em ato de desagravo antes da abertura da plenária nacional da CUT (Central Única dos Trabalhadores), em Guarulhos, na Grande São Paulo. O evento ocorre até sexta-feira num auditório da prefeitura local, comandada pelo PT.
A central barrou a entrada de jornalistas e expulsou a equipe da Folha, que estava credenciada para cobrir o evento e já aguardava o petista no plenário, entre cerca de 500 dirigentes sindicais.
O ex-tesoureiro aproveitou a reunião para distribuir um "CD interativo" e um livreto com a sua defesa no STF.
O CD, com 10 mil cópias, reúne fotos, artigos e videoclipes de suas músicas preferidas -a seleção vai de "Águas de março", com Tom Jobim e Elis Regina, a "É o amor", com Zezé di Camargo e Luciano.
Segundo a assessoria do petista, não há violação de direitos autorais porque todos os vídeos estão no YouTube.
Na capa, com fundo vermelho e moldura verde-amarela, ele faz pose de candidato. Está engravatado e sorridente, ao lado da estrela do PT.
"É uma coisa única no Brasil. Você põe no computador e ele atualiza sozinho. Daqui a 20 anos, ainda vai funcionar igual", disse Delúbio, ao descrever o CD à reportagem.
O livreto, de 80 páginas, mistura citações do jurista Ruy Barbosa (1849-1923) aos logotipos de dois escritórios de advocacia. Os 20 mil exemplares teriam sido bancados por "companheiros petistas", que ele não identifica.
Questionado sobre o que tem feito, ele disse: "Estou trabalhando muito". Em quê? "Eu não dou entrevista."
Na palestra fechada, Delúbio se declarou inocente, reclamou da imprensa e disse ter sofrido com as acusações.
O ex-deputado Luiz Eduardo Greenhalgh, que o acompanhava, repetiu a tese de que o mensalão "não existiu": tudo não teria passado de um esquema de caixa dois.
Os discursos foram aplaudidos pela plateia, que depois fez fila para pedir autógrafos. O próprio Delúbio organizava a demanda: "Um de cada vez, um de cada vez..."
Readmitido no PT em abril, cinco anos depois de ser expulso, ele saiu satisfeito.
"Até que provem o contrário, ele é inocente. Eu sempre acreditei nisso", disse Valneide Silva, 45, da CUT do Pará.


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