São Paulo, domingo, 05 de dezembro de 2010

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ANÁLISE

Fronteira porosa do país chama atenção de terroristas

IGOR GIELOW
SECRETÁRIO DE REDAÇÃO DE BRASÍLIA

Não é de hoje que o mundo está de olho na possibilidade de o Brasil abrigar elementos radicais, terroristas e quetais.
Os motivos são simples: país enorme, com amplas possibilidades de refúgio, fronteiras porosas, leis pouco rígidas, tradição diplomática pacifista e tolerante.
Para um oficial antiterror americano, é o lugar certo para um suspeito procurar esconderijo. Desde o grande atentado contra a associação judaica em Buenos Aires, em 1990, Israel aponta para a Tríplice Fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai como potencial foco terrorista.
Depois do 11 de Setembro, a região entrou na relação de preocupações dos EUA. O fato de o Brasil não possuir uma lei específica contra o terrorismo não ajuda o discurso oficial dos brasileiros de que não há problemas.
Até Hollywood se ocupa de fantasiar com o país, com a filmagem de "Tríplice Fronteira", de Kathryn Bigelow.
Como agora se sabe, as autoridades daqui estão sim apurando eventuais ligações, ainda que de forma dissimulada. Ao que parece, o governo quer evitar chamar atenção para o país.
E há o fator Irã: o Itamaraty se orgulha de ser um dos poucos amigos que Teerã tem no mundo, e uma apuração sobre exportação de terrorismo para cá não cairia bem diplomaticamente.
Sutileza também evita preconceitos. É sabido, com efeito, que o Hizbollah tem conexões na Tríplice Fronteira. Mas é ignorância acreditar que isso o ligue à grande comunidade libanesa espalhada pelo país -até porque ela é em boa parte cristã maronita, adversária do grupo.
É previsível que haja mais interesse estrangeiro pelo tema. Resta saber qual será a resposta brasileira.


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