São Paulo, domingo, 06 de fevereiro de 2011

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Ex-presidente faz de seu berço político canteiro de obras

São Bernardo, administrada por ex-ministro e amigo de Lula, recebeu R$ 44,4 milhões em investimentos

Prefeitos de municípios governados por partidos de oposição reclamam que repasses da União são menos frequentes

DE SÃO PAULO
DE BRASÍLIA


Berço político e novo domicílio do ex-presidente Lula, São Bernardo do Campo (SP) é um exemplo de canteiro de obras com investimentos do governo federal.
A cidade é administrada pelo prefeito Luiz Marinho (PT), eleito com 58,19% dos votos, numa das mais caras campanhas do país (R$ 11 milhões arrecadados).
Amigo de Lula, Marinho foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e da CUT e ministro do Trabalho e da Previdência Social.
São Bernardo tem hoje uma lista de obras em execução vinculadas à primeira etapa do PAC. No total, a prefeitura obteve R$ 44,4 milhões em investimentos liberados pela União em 2010.
Esse montante representa R$ 79,2 por eleitor (560 mil), ou R$ 58 por habitante (765 mil). Em 2009, foram só R$ 2,5 por eleitor; em 2008, R$ 5.
"O que acontece é que a gestão anterior não tinha [projetos] ou não sabia trabalhar", diz o prefeito. "O presidente Lula sempre disse que muita gente apresenta só demandas, mas é preciso ter bons projetos. Nós conseguimos incluir no PAC 1."
Mas o fato de ser amigo do ex-presidente não ajuda? "Depende. Às vezes ajuda, às vezes atrapalha, porque vão dizer que só estão liberando [verbas] porque é para você", afirma Marinho.
A cidade recebeu em dezembro R$ 10,7 milhões para a construção do Hospital de Clínicas, de um total de R$ 82 milhões conveniados.
Municípios governados pela dupla PSDB-DEM registraram poucos repasses de investimentos da União.
É o caso, por exemplo, de São José dos Campos (SP). "O que eu vou a Brasília, o que eu gasto de dinheiro público da cidade com passagem aérea... Falta de esforço nosso, de capacitação técnica, não é", afirma o prefeito Eduardo Cury (PSDB).
Nas duas últimas eleições, o tucano Cury derrotou o petista Carlinhos Almeida.
Ele afirmou que há dois anos a cidade espera por uma UPA (Unidade de Pronto Atendimento). Dos R$ 250 milhões que teria pedido do PAC, diz que nada foi pago.
O prefeito de Piracicaba, Barjas Negri (PSDB), reclamou especificamente do Ministério do Esporte, que, segundo ele, nunca deu resposta aos pedidos de liberação de verbas para reforma do estádio municipal.
Ele disse que, embora não tenha problema de tratamento com os ministérios, nenhum dos recursos solicitados saiu -por exemplo, para reforma no centro de doenças infectocontagiosas.
Piracicaba recebeu R$ 2,7 por eleitor -total de R$ 720 mil- em 2010. No ano anterior, foram R$ 3,5. (SILVIO NAVARRO E RANIER BRAGON)


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