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Depoimentos reforçam elo entre Dantas e Valério
DE BRASÍLIA
Depoimentos inéditos de
executivos e autoridades
portuguesas testemunhas no
processo do mensalão revelam que o publicitário Marcos Valério intermediou um
negócio na Europa de interesse direto do banqueiro Daniel Dantas.
Valério e Dantas são apontados, respectivamente, como operador e um dos financiadores do esquema de corrupção de congressistas.
A relação entre esses dois
personagens nunca foi explicada pelas investigações e foi
sempre negada por ambos.
À Justiça, porém, as testemunhas portuguesas revelaram que Valério foi a Portugal em 2004 participar das
negociações da venda da Telemig Celular, à época controlada por Daniel Dantas.
Marcos Valério sempre
alegou que esteve no país para expandir seus contratos de
publicidade. Já Dantas afirmava que nunca contou com
a ajuda do publicitário para
vender a tele mineira.
PORTUGUESES
Miguel Horta e Costa, então presidente da Portugal
Telecom, admitiu que a Vivo
(controlada pelo grupo português e pela espanhola Telefónica) já queria adquirir a
Telemig e contou que o "interessante era o conhecimento
que ele [Marcos Valério] tinha" da empresa.
Já António Mexia, então
ministro de Obras de Portugal, disse que conheceu Valério como sendo uma pessoa que tinha "conhecimentos do ponto de vista empresarial" da Telemig. "[Ele] conhecia a imagem da empresa, e no contexto de alguém
que poderia contribuir, para
se perceber, via racional ou
não, na junção das companhias'", afirmou à Justiça.
A viagem e a negociação
da venda da telefônica ocorreram em 2004. A compra da
Telemig pela Vivo foi fechada em 2007.
Segundo a CPI dos Correios, que investigou o caso,
a intermediação de Valério
no negócio renderia propina
para o PT e o PTB. A negociação também interessava diretamente ao banqueiro, dono
do grupo Opportunity.
Valério viajou a Portugal
com Emerson Palmieri, tesoureiro informal do PTB. O
publicitário, contudo, esteve
sozinho com as autoridades
portuguesas, como confirmam os depoimentos.
OUTRO LADO
O advogado de Valério,
Marcelo Leonardo, minimizou as afirmações de que o
seu cliente atuou na tentativa de vender a tele. Para Leonardo, os depoimentos deixam claro que o publicitário
"não era um emissário do governo Lula".
Em nota, o Opportunity,
de Daniel Dantas, afirma que
Valério "jamais foi autorizado a representar os interesses" do grupo e que as "acusações parecem ter objetivo:
produzir pistas erradas para
camuflar os que, de fato, patrocinaram o mensalão".
Em 2005 foi revelado que
empresas controladas por
Daniel Dantas -entre elas a
Telemig- pagaram mais de
R$ 150 milhões desde 2000
às agências de Valério.
Parte desse dinheiro teria
irrigado o mensalão. Notas
fiscais de serviços prestados
pelas agências de publicidade de Valério às teles chegaram a ser queimadas.
(FS e LF)
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