São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2011

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

País prepara medidas para conter queda do dólar

Mantega não descarta atuação em derivativos

VAGUINALDO MARINHEIRO
DE LONDRES

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem a investidores estrangeiros em Londres que o Brasil vai adotar novas medidas para conter a valorização do real.
Sem dar detalhes, ele afirmou que as novas ações podem envolver o mercado futuro e de derivativos.
"A última coisa que um governo faz é anunciar quais medidas tomará na área cambial. O que posso dizer é que os senhores podem esperar mais medidas para atenuar os efeitos dessa valorização excessiva", disse, durante evento promovido pelo banco BTG Pactual.
Desde o ano passado, o governo vem elevando o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) de investimentos estrangeiros e empréstimos de brasileiros no exterior.
Na segunda, o dólar fechou a R$ 1,554 -menor cotação desde janeiro de 1999. Ontem, subiu pela primeira vez após seis dias de queda, para R$ 1,564: alta de 0,70%.
Além da fala de Mantega, o rebaixamento da nota de investimento na dívida de Portugal pela agência classificadora de risco Moody's trouxe apreensão ao mercado.
O ministro também garantiu que o governo não permitirá a tomada excessiva de crédito por brasileiros. "Se não, eles ficarão endividados em dólar ou outra moeda estrangeira e isso pode causar problemas no futuro."
Para Mantega, a valorização do real se dá por fatores internos e externos.
Entre os internos estão a melhora dos fundamentos econômicos do Brasil, além dos juros altos, que atrai investidores. Entre os externos, a política monetária dos Estados Unidos, que, segundo ele, visam a manter o dólar fraco para elevar as exportações do país.

SEM BOLHAS
O ministro aproveitou grande parte dos 50 minutos da palestra e da sessão de perguntas para dar uma resposta à revista "The Economist" e ao jornal "Financial Times", que afirmaram nos últimos dias que a economia brasileira está hiperaquecida ("Economist" ) e sob risco de uma bolha de crédito ("FT").
Sem citá-los, frisou que o Brasil está bem, não está superaquecido, e que os estímulos públicos já foram retirados para fazer com que o país cresça numa faixa de 5% a partir do próximo ano.
No Brasil, em audiência no Senado, o presidente do BC, Alexandre Tombini, adotou discurso parecido. Disse que o endividamento das famílias está dentro de padrões internacionais e que a inadimplência deve se estabilizar e depois cair.
Ele descartou uma crise de crédito no país e afirmou que a expansão é sustentada pelo aumento no total de pessoas com acesso a linhas de financiamentos, que cresceu 250% em seis anos.
Cerca de 28 milhões de brasileiros têm dívidas acima de R$ 5.000. "Não é a mesma base se endividando. São novos tomadores de crédito, ao contrário de economias maduras", comparou.

Colaborou EDUARDO CUCOLO, de Brasília


Texto Anterior: Elio Gaspari: A faxina ferroviária deve continuar
Próximo Texto: PF afirma que editor vai ser indiciado por revelar dados
Índice | Comunicar Erros



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.