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Presidente do TJ-RJ grava vídeo para campanha do irmão
Prática contraria lei da magistratura e pode levar a aposentadoria compulsória; Zveiter diz não ter pedido voto
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
Contrariando a Lei Orgânica da Magistratura, o presidente do Tribunal de Justiça
do Rio, desembargador Luiz
Zveiter, atuou na campanha
do irmão, o advogado Sérgio
Zveiter (PDT), candidato a
deputado federal.
O desembargador gravou
vídeo para o irmão que foi divulgado em sua página de
campanha -o arquivo foi retirado após contato da Folha
com a assessoria do candidato. Abaixo do nome de Zveiter, aparece: "Irmão e presidente do Tribunal de Justiça
do Rio de Janeiro".
O envolvimento em atividade político-partidária é vetado pelo artigo 26 da lei, sendo um dos quatro motivos
que autorizam a perda do
cargo do magistrado.
O glossário do Tribunal
Superior Eleitoral dá como o
primeiro exemplo desse tipo
de envolvimento "participação em campanhas de candidatos a postos eletivos". A
punição máxima é a aposentadoria compulsória.
O desembargador afirmou, porém, que não vê sua
participação como atividade
político-partidária. Ele disse
que apenas deu depoimento,
sem pedir votos. A assessoria
do candidato afirmou que errou ao colocar o cargo de Luiz
Zveiter e disse que irá retirar
as imagens dele do vídeo.
No programa, o presidente
do TJ caracteriza o irmão como "carinhoso, preocupado,
superdivertido, com um astral ótimo".
Ao final, Zveiter lista os
cargos públicos ocupados
pelo irmão e afirma que ele
teve sua "trajetória pautada
pela preservação dos direitos
das pessoas". Não pede diretamente voto para Sérgio.
O vídeo tem ainda depoimentos do governador do
Rio, Sérgio Cabral Filho
(PMDB), do prefeito do Rio,
Eduardo Paes (PMDB), e de
Waldemar Zveiter, ex-ministro do Supremo Tribunal de
Justiça, pai de Luiz e Sérgio.
O presidente da AMB (Associação dos Magistrados
Brasileiros), Mozart Valadares, afirmou, sem saber o caso específico, que o magistrado "não pode fazer nenhuma
ação que caracterize uma
simpatia ou engajamento para determinados candidatos". "O papel do magistrado
no processo eleitoral é manter o equilíbrio da disputa."
Juízes eleitorais e quatro
magistrados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) fazem
parte dos quadros do TJ, comandado por Zveiter. Ele
afirma que não interfere no
trabalho de ninguém.
Os irmãos também estiveram lado a lado em visita institucional do presidente do TJ
ao morro do Bumba, em Niterói, base eleitoral de Sérgio
Zveiter, após os deslizamentos ocorridos em abril.
O desembargador fora organizar mutirão para agilizar
a liberação dos corpos. Foto
dos dois, junto com Cabral,
foi colocada no site do TJ.
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