São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2011

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Cenário global faz Planalto apostar em trégua nos juros

Avaliação é que crise ajudará o BC a trazer inflação para o centro da meta

Alta de preços deixou de ser o alvo de Dilma, que teme que o crescimento da economia brasileira siga ritmo internacional

VALDO CRUZ
EDUARDO CUCOLO
DE BRASÍLIA

A piora no cenário econômico internacional reforçou a avaliação no Palácio do Planalto de que o Banco Central deve interromper a alta na taxa de juros na próxima reunião do Copom, marcada para o fim deste mês.
Segundo assessores da presidente Dilma, a inflação deixou de ser o principal problema do momento. Agora, o objetivo é evitar que a economia nacional cresça no mesmo passo da mundial.
A equipe econômica acredita que uma desaceleração mais forte no mundo vai segurar o crescimento brasileiro na casa dos 4% neste ano e facilitará o trabalho de levar a inflação para o centro da meta de 4,5% em 2012.
O governo não deve, porém, afrouxar os juros no curto prazo diante do agravamento da crise econômica na Europa e nos Estados Unidos. A queda da taxa antes de 2012 é tida como improvável.
Dilma está preocupada em reforçar a percepção de que o país está mais forte do que em 2008, na crise global, e deve proteger seu mercado.
O governo fará questão de destacar que tem armas para combater os efeitos da crise, se for necessário.
Entre elas, estão as reservas internacionais de US$ 348 bilhões e depósitos compulsórios (obrigatórios aos bancos) de R$ 420 bilhões, que podem ser liberados para combater a falta de crédito, como ocorreu em 2008.
O governo destaca o fato de o câmbio ter sido menos atingido pelas turbulências da última quinta-feira do que a Bolsa, que sofreu mais com a aversão ao risco e a queda nos preços das commodities.
Por isso, a equipe de Dilma aposta que o dólar, mesmo com um cenário mais adverso, não deve subir tanto quanto em 2008, quando foi de R$ 1,60 para R$ 2,50.

JUROS
Após cinco altas seguidas, que levaram os juros de 10,75% para 12,5% ao ano, o BC já havia sinalizado que o ajuste estava próximo do fim.
Agora, o Planalto não vê mais motivos para dúvidas sobre os rumos da política monetária e aposta que será possível iniciar uma redução dos juros no próximo ano.
Em conversas com o mercado, a diretoria do BC não crava que interromperá a alta de juros, mas avalia ter tido sucesso nas últimas ações.
Primeiro, ao dar "garantia" ao mercado de que os juros subiriam quando passou a divulgar que o ajuste na política monetária seria por tempo "suficientemente prolongado". Com isso, fez as expectativas de inflação cair.
Depois, ao retirar a expressão na última ata do Copom, acabou com essa "garantia". A avaliação é que foi feito na hora certa, já que o cenário internacional só piorou.
Ontem, o IBGE divulgou que a inflação de julho ficou em 0,16%, abaixo das estimativas. Economistas esperam que o índice volte a subir mais nos próximos meses, mas estão preocupados com o cenário externo.


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