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PRESIDENTE 40
ELEIÇÕES 2010
Servidor da Receita Federal em Minas que acessou dados de EJ é filiado ao PT
"Oposição vai fazer mais estardalhaço, mas não há nenhuma relação da campanha", diz Dutra
Gilberto Amarante consultou informações dez vezes em abril de 2009; anteontem, disse não lembrar o motivo
RANIER BRAGON
FERNANDA ODILLA
DE BRASÍLIA
O servidor da Receita de
Formiga (MG) que acessou
dez vezes em 2009 os dados
pessoais do vice-presidente
do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, é filiado ao PT
desde agosto de 2001.
Listado no procedimento
administrativo da Corregedoria da Receita que investiga a violação do sigilo fiscal
de EJ e de outras pessoas ligadas ao PSDB, Gilberto Souza
Amarante aparece nos registros oficiais do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral) como filiado ativo do PT de Arcos
(MG), a 30 km de Formiga.
As consultas ao número de
Cadastro de Pessoas Físicas
(CPF) de EJ feitas pelo servidor se deram em 3 de abril de
2009, em menos de 1 minuto
-das 16h32min18seg às
16h32min59seg.
No mesmo dia, o CPF de EJ
foi consultado também em
Brasília, por uma servidora
que comprovou à Corregedoria da Receita ter motivação
profissional para o acesso.
Os presidentes do PT nacional, José Eduardo Dutra,
do PT-MG, Reginaldo Lopes,
e do PT de Arcos, Hideraldo
José, dizem que não conhecem Amarante e que ele não
teve atividades partidárias
nos nove anos de filiação.
"A oposição vai fazer mais
estardalhaço, mas não há nenhuma relação da campanha
com esse episódio. O fato de
ser filiado, é claro, por si só
causa constrangimento ao
partido", afirmou Dutra, que
disse que ele será expulso se
comprovada irregularidade.
"Conheço o PT de Arcos,
sou votado em Arcos, e nunca ouvi falar dessa pessoa. Se
é filiado, não é militante",
disse Lopes, do PT mineiro.
"NUNCA VI ESSA PESSOA"
O presidente do partido
em Arcos -cidade de cerca
de 36 mil habitantes- afirmou que a legenda tem na cidade 226 filiados. "Nunca
nem vi essa pessoa. Ela nunca participou de qualquer
ação, atividade partidária
aqui em Arcos."
Ontem, a Folha não conseguiu contatar Amarante.
Anteontem, ele disse que,
por ofício, acessa CPFs por
motivos variados e que não
se lembrava a razão de ter
vasculhado a ficha de EJ.
A consulta ao CPF dá acesso a dados cadastrais -como
nome e endereço. Não permite observar declarações de
renda nem de bens.
Amarante também afirmou que até então não havia
sido questionado pela Corregedoria da Receita, embora a
sindicância tenha sido aberta há mais de dois meses.
Eduardo Jorge afirmou
que pedirá hoje à Receita Federal que informe a razão das
consultas ao seu CPF.
Incluindo Formiga, o tucano teve seus dados consultados em 22 ocasiões, de acordo com a investigação da
Corregedoria da Receita.
REPERCUSSÃO POLÍTICA
O caso da violação dos dados de EJ e de outras pessoas
ligadas ao PSDB, como Veronica Serra, vem sendo explorado na propaganda do candidato à Presidência José Serra, que acusa a adversária
Dilma Rousseff (PT) de ser a
responsável pelo crime.
Ontem, Dilma minimizou
o episódio. Afirmou que os
acessos ocorreram em abril
de 2009, mais de um ano antes de ela ser escolhida oficialmente pelo PT candidata.
Amarante é o segundo personagem do escândalo que
pertence ao PT.
O homem que usou uma
procuração falsa para retirar
na Receita Federal os dados
sigilosos de Veronica, o contador Antonio Carlos Atella,
foi filiado de 2003 a até pelo
menos 2009.
A exemplo de Amarante, o
PT diz que Atella nunca teve
atuação partidária.
Ao contrário do que atesta
a Justiça eleitoral de São Paulo, a legenda afirma que a filiação do contador não foi
efetivada devido a uma divergência no sobrenome registrado --em vez de "Atella", argumenta o partido,
grafou-se "Atelka".
Colaborou JOSÉ ERNESTO CREDENDIO, de
Brasília
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