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Caseiro se nega a gravar para Serra na TV
Vítima de quebra de sigilo em 2006 faz depoimento para programa do PSOL; "Estou com Plínio", declara
Francenildo diz que o PSDB só o procura em época de eleição e torce para que disputa vá para o segundo turno
ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
ANA FLOR
DE SÃO PAULO
O PSDB não conseguiu
convencer o caseiro Francenildo Costa a gravar um depoimento para o programa
eleitoral gratuito da campanha do presidenciável do
partido, José Serra. O caseiro
optou pelo testemunho ao
PSOL, ao qual está filiado.
Serra tem comparado o
episódio de violação do sigilo
bancário do caseiro ao da sua
filha, Veronica, e outras cinco pessoas ligadas ao PSDB
que tiveram seus dados fiscais violados. "Se continuar
assim, todos nós seremos
Francenildos", afirmou.
Em 2006, Francenildo acusou o então ministro da Fazenda Antonio Palocci de frequentar uma mansão em
Brasília na companhia de lobistas. Depois disso, teve seu
sigilo bancário quebrado.
O episódio derrubou do
cargo Palocci, que hoje é um
dos coordenadores da campanha presidencial de Dilma
Rousseff (PT), e o então presidente da Caixa Econômica
Federal, Jorge Mattoso.
O caseiro gravou anteontem para o programa de Plínio de Arruda Sampaio, o
candidato do PSOL à sucessão presidencial. "É inaceitável isso acontecer de novo. É
mais um caso no currículo do
governo Lula", disse Francenildo à Folha.
No testemunho ao programa eleitoral, que vai ao ar
amanhã, ele chamou a violação do sigilo de tucanos de
"crime bárbaro", mas desautorizou o PSDB (ou qualquer
partido) a usar seu nome na
campanha eleitoral.
Na fala, o caseiro ataca
tanto o governo Lula quanto
a oposição. "Digo que quebraram meu sigilo bancário
porque denunciei corrupção,
mas também mandei recado
para alguns partidos que ficam usando meu nome no
programa eleitoral."
O caseiro disse que o PSOL
foi o único partido que acompanhou toda a sua trajetória
desde o episódio da quebra
de sigilo. Afirmou que o
PSDB só o procura em época
de eleição. "Quando foi com
o Geraldo Alckmin [em
2006], também me procuraram, e falei que não dava para entrar no embalo."
"Estou com Plínio", diz
ele, na participação que irá
ao ar na amanhã. Francenildo diz que o partido foi o único a lhe dar apoio. E completa: "Queriam que eu concorresse a deputado federal,
mas achei que era cedo".
Apesar das censuras ao tucanos, Francenildo criticou o
PT e declarou que é importante "levar a eleição para o
segundo turno" -a petista
Dilma Rousseff, segundo as
pesquisas, venceria hoje a
disputa no primeiro turno.
Ele concorda com a comparação entre a quebra do
seu sigilo e a dos tucanos,
mas disse acreditar que este
caso terá um desfecho diferente do seu, que se arrasta
na Justiça há quatro anos.
"Agora eu quero é ver como é que a Justiça vai se comportar. Porque é uma filha de
um candidato a presidente,
não é a filha de um caseiro,
de um trabalhador qualquer.
Agora eu quero ver se eles
vão apressar", disse.
Em 2006, Francenildo ingressou na Justiça Federal
contra a Caixa com pedido de
indenização no valor de R$
17,5 milhões pela quebra do
seu sigilo. O caso ainda não
foi julgado nem em primeira
instância. Para Francenildo,
a falta de punição colabora
para que episódios como esse se repitam.
Em agosto de 2009, o STF
livrou Palocci da acusação
do Ministério Público de participação no crime. Foi aberta ação penal contra o ex-presidente da CEF.
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