São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Caseiro se nega a gravar para Serra na TV

Vítima de quebra de sigilo em 2006 faz depoimento para programa do PSOL; "Estou com Plínio", declara

Francenildo diz que o PSDB só o procura em época de eleição e torce para que disputa vá para o segundo turno

ANDREZA MATAIS
DE BRASÍLIA
ANA FLOR

DE SÃO PAULO

O PSDB não conseguiu convencer o caseiro Francenildo Costa a gravar um depoimento para o programa eleitoral gratuito da campanha do presidenciável do partido, José Serra. O caseiro optou pelo testemunho ao PSOL, ao qual está filiado.
Serra tem comparado o episódio de violação do sigilo bancário do caseiro ao da sua filha, Veronica, e outras cinco pessoas ligadas ao PSDB que tiveram seus dados fiscais violados. "Se continuar assim, todos nós seremos Francenildos", afirmou.
Em 2006, Francenildo acusou o então ministro da Fazenda Antonio Palocci de frequentar uma mansão em Brasília na companhia de lobistas. Depois disso, teve seu sigilo bancário quebrado.
O episódio derrubou do cargo Palocci, que hoje é um dos coordenadores da campanha presidencial de Dilma Rousseff (PT), e o então presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso.
O caseiro gravou anteontem para o programa de Plínio de Arruda Sampaio, o candidato do PSOL à sucessão presidencial. "É inaceitável isso acontecer de novo. É mais um caso no currículo do governo Lula", disse Francenildo à Folha.
No testemunho ao programa eleitoral, que vai ao ar amanhã, ele chamou a violação do sigilo de tucanos de "crime bárbaro", mas desautorizou o PSDB (ou qualquer partido) a usar seu nome na campanha eleitoral.
Na fala, o caseiro ataca tanto o governo Lula quanto a oposição. "Digo que quebraram meu sigilo bancário porque denunciei corrupção, mas também mandei recado para alguns partidos que ficam usando meu nome no programa eleitoral."
O caseiro disse que o PSOL foi o único partido que acompanhou toda a sua trajetória desde o episódio da quebra de sigilo. Afirmou que o PSDB só o procura em época de eleição. "Quando foi com o Geraldo Alckmin [em 2006], também me procuraram, e falei que não dava para entrar no embalo."
"Estou com Plínio", diz ele, na participação que irá ao ar na amanhã. Francenildo diz que o partido foi o único a lhe dar apoio. E completa: "Queriam que eu concorresse a deputado federal, mas achei que era cedo".
Apesar das censuras ao tucanos, Francenildo criticou o PT e declarou que é importante "levar a eleição para o segundo turno" -a petista Dilma Rousseff, segundo as pesquisas, venceria hoje a disputa no primeiro turno.
Ele concorda com a comparação entre a quebra do seu sigilo e a dos tucanos, mas disse acreditar que este caso terá um desfecho diferente do seu, que se arrasta na Justiça há quatro anos.
"Agora eu quero é ver como é que a Justiça vai se comportar. Porque é uma filha de um candidato a presidente, não é a filha de um caseiro, de um trabalhador qualquer. Agora eu quero ver se eles vão apressar", disse.
Em 2006, Francenildo ingressou na Justiça Federal contra a Caixa com pedido de indenização no valor de R$ 17,5 milhões pela quebra do seu sigilo. O caso ainda não foi julgado nem em primeira instância. Para Francenildo, a falta de punição colabora para que episódios como esse se repitam.
Em agosto de 2009, o STF livrou Palocci da acusação do Ministério Público de participação no crime. Foi aberta ação penal contra o ex-presidente da CEF.


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