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Eleição no Brasil provoca "febre Dilma" na Bulgária
Mídia local fala da possibilidade de "búlgara presidir a 7ª economia do mundo"
"Tento explicar para os
jornalistas que ela não é
búlgara", afirma Paulo
Américo Wolowski,
embaixador do Brasil
VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A SÓFIA
A Bulgária vive uma "febre
Dilma". Jornais, revistas e televisões acompanham o dia a
dia da campanha no Brasil, e
muitos jornalistas já estão de
malas prontas para cobrir in
loco a possível eleição de
uma "búlgara para presidir a
sétima maior economia do
mundo".
Se o Quênia festejou a vitória de Barack Obama, que
tem pai queniano, a Bulgária
quer festejar a de Dilma, que
tem pai búlgaro.
"Somos um país muito pequeno, e a possibilidade de
alguém que teve um pai búlgaro ocupar um cargo tão importante nos deixa emocionados", afirma Jorge Nalbantov, apresentador da TV7,
que viajará ao Brasil para fazer a cobertura da eleição
presidencial.
A Bulgária tem cerca de 7,5
milhões de habitantes, população que vem caindo devido
à migração e à baixa taxa de
natalidade (1,4 filho por mulher, em média). Há dez
anos, eram 8,1 milhões de
habitantes.
Dilma é descrita pelos
meios de comunicação como
"dama de ferro", "Margaret
Thatcher brasileira" e "toda-poderosa do governo Lula".
Algumas vezes foi chamada erroneamente de "primeira-ministra do Brasil".
Certas reportagens citam
sua participação em grupos
da luta armada e no roubo,
em julho de 1969, do "cofre
do Adhemar", que teria pertencido ao ex-governador de
São Paulo e que era guardado no Rio. Essa operação foi
organizada pela VAR-Palmares, na qual a ex-ministra militou, mas ela nega ter participado do roubo.
Na última quinta-feira, um
dos principais jornais de Sófia, o "Trud" (algo como o trabalhador), dedicou duas páginas inteiras à ex-ministra e
suas raízes búlgaras.
ABRAÇOS À BULGÁRIA
No sábado, o mesmo jornal trouxe mais uma grande
reportagem com o título:
"Dilma Rousseff: Quero Mandar Abraços para a Bulgária". Era baseada numa resposta dada pela candidata
após entrevista no SBT.
Segundo o "Trud", Dilma
disse que ir à Bulgária é uma
de suas prioridades e que desejava mandar uma abraço a
todos os búlgaros.
Alguns jornais e programas de televisão dizem que
ela é búlgara, apesar de a
candidata nunca ter ido ao
país e de não falar búlgaro.
Já foram publicados títulos como: "Uma búlgara pode ser presidente do Brasil".
"Eu tento explicar para os
jornalistas que ela não é búlgara, assim como não sou polonês", afirma Paulo Américo Wolowski, embaixador do
Brasil em Sófia e que viu explodir o interesse da mídia local pelo Brasil.
EM BUSCA DE HERÓIS
Para Rumen Stoyanov,
professor de literatura da
Universidade de Sófia, a Bulgária sente falta de figuras
ilustres.
"Nós precisamos de heróis. Somos um povo pequeno, que está diminuindo porque o búlgaro não quer ter filho. Por isso, é importante
que ressaltemos o exemplo
de alguém com sangue búlgaro com destaque fora do
país", afirma Stoyanov.
Dilma não é a primeira "semi-búlgara" a ser festejada
na Bulgária. Entre os heróis
nacionais está John Vincent
Atanasoff, considerado o inventor do computador digital. Ele nasceu e viveu a vida
toda nos EUA. Mas tinha, claro, um pai búlgaro.
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