São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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FOCO

Romário, peixe fora d'água, pede votos no Rio entre beliscões e beijo na boca

SÉRGIO RANGEL
DO RIO

A ginga continua a mesma, o número 11 segue como o de predileção, mas o jeito de pescar votos é até acanhado para quem deve ser um dos candidatos a deputado federal mais votados do Estado do Rio de Janeiro.
"Me dá uma força aí, peixe", pedia Romário de Souza Faria, 44, -ex-atacante da seleção e candidato pelo PSB- a um eleitor nas ruas do centro do Rio.
"Claro que vou dar. Ele já me fez muito feliz. Romário é rei", disse o pedreiro Miguel Costa, após tirar foto com o ídolo.
"Isso não é briga, não é promoção nem Cosme e Damião. Pode chegar, galera. Este é o Romário. Está pedindo o seu voto com consciência. O baixinho tá soltinho. É só cruzar que ele faz. Se derrubar, é pênalti", gritava, ao megafone, o cabo eleitoral Hugo Saraiva, no camelódromo da Uruguaiana, maior mercado popular do Rio.
Vinte metros atrás e uma hora e 45 minutos atrasado, Romário era cercado por cerca de 50 fãs e possíveis eleitores. Segundo pesquisa do instituto IBPS, ele seria hoje o segundo mais votado do Rio, atrás do ex-governador Anthony Garotinho (PR) entre os postulantes à Câmara.
Em pouco menos de uma hora, Romário tirou centenas de fotos com fãs, segurou mais de dez crianças no colo, ganhou beliscão nas nádegas de uma idosa e até um beijo na boca de uma eleitora mais entusiasmada.
"Ele foi simpático. Pedi um beijo na cara dura e ganhei", disse a flamenguista Ana Paula Dias, vendedora.
Nascido na favela de Jacarezinho e criado na Vila da Penha, dois bairros suburbanos, Romário faz campanha basicamente na periferia e no interior do Estado.
Admirador do presidente Lula e estreante em disputa eleitoral, o ex-atacante não gosta de falar sobre política. Apoia a reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB) e a petista Dilma Rousseff à Presidência, mas evita usar camisas ou botons dos candidatos da sua coligação.
Até agora, Romário declarou à Justiça Eleitoral ter gasto R$ 25.750 na candidatura. A maioria dos recursos se origina de doações de pessoas físicas.
Ao TSE, o ex-atacante estimou o teto de R$ 800 mil para chegar à Câmara. O valor é quase igual ao patrimônio que declarou ao tribunal -R$ 883.632,96. Listou como bens cinco apartamentos em Vista Alegre, subúrbio do Rio, e uma moto BMW.
Condenado, na 2ª Turma Especializada do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) por sonegação de Imposto de Renda, o ex-jogador conseguiu registrar sua candidatura no TRE porque o crime não está previsto na Lei do Ficha Limpa. Um drible que o deixou na cara do gol e pode levá-lo a Brasília.


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