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Candidatos ainda não têm plano de governo
A 25 dias da eleição, Dilma e Serra ainda não apresentaram seus programas definitivos, prometidos para agosto
Petista registrou versão polêmica, que não tinha lido, e o trocou por outro no mesmo dia; tucano só enviou dois discursos
DE SÃO PAULO
A 25 dias da eleição, os presidenciáveis Dilma Rousseff
(PT) e José Serra (PSDB) ainda não apresentaram seus
programas de governo definitivos para os eleitores.
Por exigência da legislação eleitoral, ambos tiveram
de listar algumas propostas
ao Tribunal Superior Eleitoral quando registraram suas
candidaturas, mas cumpriram essa formalidade com
textos arrumados às pressas.
Em 5 de julho, Serra entregou ao TSE dois discursos,
proferidos em encontros partidários em 10 de abril e 12 de
junho, que em tese resumem
suas propostas de governo. O
programa definitivo, coordenado por Francisco Graziano
Neto, deveria ter ficado pronto em agosto último, mas até
hoje não foi mostrado.
Os dois discursos não
apresentam diferenças de
conteúdo: nos dois Serra fala
da situação do país, ataca o
governo Lula e discorre sobre
sua vida e suas realizações.
O segundo deles, feito na
convenção do PSDB que
aprovou sua candidatura, é
um pouco mais incisivo e
compara o presidente Lula
ao rei francês Luís 14: "O tempo dos chefes de governo que
acreditavam personificar o
Estado ficou pra trás há mais
de 300 anos. Luis 14 achava
que o Estado era ele. Nas democracias e no Brasil, não há
lugar para luíses assim".
Na manhã de 5 de julho, a
assessoria de Dilma protocolou no tribunal as teses aprovadas pelo PT no seu congresso, em 20 de fevereiro.
O programa original de
Dilma incluía a redução da
jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais, o controle social dos meios de comunicação, a criação do imposto sobre as grandes fortunas e a revogação da lei que
torna propriedades invadidas por sem-terra indisponíveis para a reforma agrária.
Diante da repercussão negativa das propostas, o PT recuou no mesmo dia: retirou o
texto e apresentou nova redação ao TSE no início da
noite, suprimindo os pontos
mais polêmicos. Dilma, que
havia rubricado o programa,
admitiu que não o tinha lido:
"Só rubriquei, não assinei".
A campanha decidiu então
redigir um novo documento,
definitivo, que incorporasse
as sugestões -mais moderadas- dos partidos aliados.
Tal como o de Serra, o novo programa, com "13 compromissos para o país" (em
referência ao número da legenda), também deveria ter
sido concluído em agosto,
mas isso não aconteceu.
Até agora as propostas dos
dois candidatos resumem-se
às intenções registradas pelas campanhas em julho.
O presidente do PT, José
Eduardo Dutra, disse ontem
que o partido decidiu redigir
um programa de governo para a disputa do segundo turno. Não há, porém, data para
a divulgação do documento.
ABORTO
O programa de Dilma, bem
mais extenso (tem 23 páginas), menciona o aborto no
item 57: "O Estado brasileiro
reafirmará o direito das mulheres ao aborto nos casos já
estabelecidos pela legislação
vigente, dentro de um conceito de saúde pública".
Os discursos de Serra, bastante genéricos, não fazem
menção ao tema. Citam suas
iniciativas no ministério e
prometem criar 150 AMES
(policlínicas) em todo o país.
O programa de Dilma se divide em várias partes. A introdução trata da "grande
transformação" operada por
Lula. Seguem-se 16 seções,
sobre infraestrutura, saúde,
educação e assim por diante.
Já os discursos de Serra em
geral se limitam a apontar
problemas estruturais do
país -"há uma quase unanimidade a respeito das carências da infraestrutura brasileira"-, mas sem detalhar as
propostas de intervenção.
Na parte econômica, por
exemplo, seus dois discursos
dedicam 517 palavras para
dizer o que pretende fazer. O
programa de Dilma gasta cinco páginas, que oferecem só
uma lista de metas genéricas,
sem a exposição das medidas
práticas para alcançá-las.
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