São Paulo, quinta-feira, 06 de outubro de 2011

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Haddad discute sair já de ministério para disputar prévia no PT

Pressionado por aliados, pré-candidato a prefeito estuda tirar licença do governo para pedir votos em São Paulo

Plano original era ficar na Esplanada até o início do ano que vem, mas petistas tentam antecipar a saída

BERNARDO MELLO FRANCO

DE SÃO PAULO

O ministro Fernando Haddad (Educação) discute com aliados antecipar a saída do governo para se dedicar à disputa interna que definirá o candidato do PT à Prefeitura de São Paulo em 2012.
Ele tem debatido a ideia de pedir uma licença temporária do cargo até meados de dezembro. Alguns petistas o pressionam para sair já, mas Haddad quer empurrar a decisão para o fim do mês.
O plano original era disputar a indicação petista ainda como ministro e deixar a Esplanada no início de 2012, já confirmado como candidato.
Mas a tese de pedir uma licença agora ganhou força diante dos sinais de que a estratégia traçada pelo ex-presidente Lula para ungir o afilhado sem prévias no partido não deve funcionar.
Haddad contava com a desistência da senadora Marta Suplicy, mas ela tem repetido que não sairá do páreo.
O ministro já tem maioria na cúpula do partido, mas teme ser surpreendido em eleição direta contra Marta, que é mais popular entre os militantes "de base" do PT.
No grupo de Haddad, o diagnóstico é de que ele precisa se tornar mais conhecido e se aproximar de líderes comunitários que têm peso na escolha do partido.
Para isso, tem sido aconselhado a trocar o gabinete de Brasília pelo corpo a corpo em São Paulo, numa espécie de intensivo pré-eleitoral.
Ele, no entanto, tem dito que o momento é delicado para se afastar do cargo.
"É importante estar mais perto dos militantes, mas ele acha que agora é um momento difícil para sair. É como um time com dez jogadores: tem que se superar", afirma o deputado Vicente Cândido (PT-SP), um dos principais articuladores do prefeitável.
O ministro tem dedicado os fins de semana a articulações e debates com os rivais. Mas as obrigações do MEC o mantêm longe da disputa durante o resto da semana.
O primeiro turno das prévias está marcado para 27 de novembro. Se ninguém alcançar mais de 50% dos votos, haverá nova eleição em 11 de dezembro. Devem votar cerca de 30 mil petistas.
Além de Marta, disputam a indicação os deputados Jilmar Tatto e Carlos Zarattini e o senador Eduardo Suplicy.
A tese da licença ganha força no PT paulistano, mas outros aliados acreditam que a saída do governo pode ser prejudicial a Haddad.
Ele tem uma agenda intensa de compromissos no MEC, que incluem a realização do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), nos dias 22 e 23, e a aprovação do Pronatec, o programa federal de ampliação do ensino técnico.
Para conselheiros que defendem sua permanência, é cedo para discutir uma licença. Além disso, Haddad ainda precisaria convencer a presidente Dilma Rousseff a deixá-lo sair por tempo limitado.
Procurado, o ministro não comentou o assunto ontem.


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